Reflexões e observações das cidades de interior em que vivi. Reflexões e observações sobre Mi Poa Querida. Estamos "perto e longe demais das capitais" e ainda não sei se eu gosto ou não gosto disso. 38 anos experimentando, e quem sabe mais alguns por descobrir. Vale também reflexões sobre meu próprio interior, ou outros interiores que observo por aí. Treinamento de olhares e silêncio.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Exterior
Ainda assim é interior
Ainda leva seu interior
Ibérica, balcânica
golfo, pérsia
nietzsche
Ver o Oceano
tocá-lo apenas com a sombra
e não é minha sombra
Bermudas, triângulos
pontos de interrogação
coração sente
e nega
e naufraga nos sargaços
Estar entre os dois azuis
sem os persas
e sem os medos
todas as geografias
em meu histórico interior
As asas são só minhas
quero ver quem tira
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Lista de desejos
2) Que meu artigo para o Endipe já esteja reestruturado quando eu abrir o arquivo novamente.
3) Que o apartamento novo seja autolimpante também.
4) Que eu arrume um emprego bom, que pague bem, que não dê muito trabalho e que seja prazeroso.
5) Que eu tenha coragem de ir ao salão, amanhã, e diga algo diferente de: "Acerte as pontas e faça uma hidratação aí.". Talvez eu inclua o "Por favor".
6) Que eu não sinta preguiça de fazer a fisioterapia todos os dias e que, ao fazer, eu consiga ler ao mesmo tempo, ou não perca tempo nenhum com ela.
7) Que eu compreenda livros difíceis sem precisar lê-los pelo menos duas vezes, fazendo mil anotações.
8) Que as anotações manuscritas que eu faço transmitam-se automaticamente para o computador.
9) Que o computador faça automaticamente todas as cópias de segurança e as distribua em locais diferentes, diariamente.
10) Que eu aprenda alemão instantaneamente.
11) E francês, inglês, polonês, ucraniano e russo. Grego pode ficar para 2011.
12)Que eu aprenda a fazer panetone e peru para o Natal. Tudo natureba.
13) Que eu esteja pronta para qualificar no final do ano que vem.
14) Que nunca falte capuccino. Mesmo que eu não compre. Aliás, que o preço do capuccino diminua assustadoramente.
15) Que eu possa comprar livros todo mês. E que sejam, também, romances.
16) Que eu tenha paciência com o leão. E que o leão tenha paciência com minha falta de paciência.
17) Que caia neve entre 01 e 04/12.
18) E, por fim, que a gelatina seja sempre de morango, com morango de verdade!
É isso aí, Papai Noel. Anotou? Quer que eu mande pelo correio? Com AR? Sedex?
............
Sinto-me um tanto idiota. Mas a lista tá boa, né!!!
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Antídoto para egocentrismo
Sei porque amo bibliotecas. A gente tinha uma em casa. Barsa, Vademecum do Saber, Biblioteca Time Life, Seleções do Reader's Digest a perder de vista, Biblioteca de Seleções, Os grandes romances históricos, Grandes Civilizações Desaparecidas, Livros sobre nazismo, livros de espionagem, O Coyote, Agatha Christie, Os Grandes Acontecimentos do Século XX (que nem tinha terminado ainda!!!), Mein Kampf, Dom Casmurro, Dicionários, Shakespeare. A estante vergava de tanta coisa.
"Longe de casa há mais de uma semana (...)", sem a proteção de uma biblioteca no "aconchego" do lar (google não conta), o que importa é procurar uma que me receba.
Então, em breve, um post cheio de gratidão à Biblioteca do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas.
Pra terminar a fase egocêntrica, musiquinha que há tempos eu não ouvia e ontem lembrei. Como eu gosto dessa música:
Canceriano Sem Lar (Clínica Tobias Blues)
Raul Seixas
Composição: Raul Seixas
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Trancado dentro de mim mesmo
Eu sou um canceriano sem lar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
É, é, porém, mas, todavia
Eu sou um canceriano sem lar
Eu tomo café pra mim não chorar
Pergunto à nuvem preta quando o sol vai brilhar
Estou deitado em minha vida
E o soro que me induz a lutar
Estou na Clínica Tobias
Tão longe do aconchego do lar
All right, man
Play the blues
Eu tomo café pra mim não chorar
Pergunto à nuvem preta quando o sol vai brilhar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Trancado dentro de mim mesmo eu sou, um canceriano sem lar
All right, man
Play the blues
Clinica Tobias Blues
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
I'm selfish and sad
Você não fala de si, me disseram. Eu falo sim. Falo demais. O blog é para eu treinar usar menos a primeira do singular. Mas na vida real, uma merda. Oh!
E daí parece que todas as músicas falam de mim.
Hoje a dona do prédio onde moro em Campinas colocou enfeites de Natal nas portas de todos os inquilinos. Ela me deixou escolher o meu enfeite. E é verdade que já faz algumas semanas que "I wish I had a river" não sai da minha cabeça.
Nesse mundo de prazeres ininterruptos, não temos o direito de ser tristes. Nesse mundo de relacionamentos inconstantes, não temos o direito à estabilidade (Obrigada, Bauman. Pena que estou te traindo com o Sennet).
Eu assisti O Homem Urso. Que horror! O cara é totalmente ensandecido. Mas pense em você (eu) sozinho, no seu quarto, com uma câmera, num dia "gelatinoso". Faria um videoclipe com lâminas e lágrimas. Atuando para meu próprio ego, mas querendo que todos vejam. Gritar como RR: "Me amem! Eu amo ser idolatrado!".
Duas coisas que a Joni Mitchel escreveu que eu queria que se realizassem: que eu fizesse "a lot of money" e que ensinasse meus pés a voar.
Vale a pena a poesia que Joni Mitchel fez PARA MIM. Melhor ler essa que Adélia Prado.
Joni Mitchell — River lyrics
It's coming on Christmas
They're cutting down trees
They're putting up reindeer
And singing songs of joy and peace
Oh I wish I had a river
I could skate away on
But it don't snow here
It stays pretty green
I'm going to make a lot of money
Then I'm going to quit this crazy scene
I wish I had a river
I could skate away on
I wish I had a river so long
I would teach my feet to fly
Oh I wish I had a river
I could skate away on
I made my baby cry
He tried hard to help me
You know, he put me at ease
And he loved me so naughty
Made me weak in the knees
Oh I wish I had a river
I could skate away on
I'm so hard to handle
I'm selfish and I'm sad
Now I've gone and lost the best baby
That I ever had
Oh I wish I had a river
I could skate away on
I wish I had a river so long
I would teach my feet to fly
Oh I wish I had a river
I could skate away on
I made my baby say goodbye
It's coming on Christmas
They're cutting down trees
They're putting up reindeer
And singing songs of joy and peace
I wish I had a river
I could skate away on
..............................................................................
A letra é linda. A Madeleine Peyroux cantando é melhor ainda. Todo mundo sabe que eu adoro gelatina.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
De novo no ônibus
Dia lindo, prometendo calor.
O motorista estava animado. Conversava com a cobradora.
"Aquilo não é uma mulher, é uma sereia! Não acha? O que você acha dela?"
A cobradora estava mais perto, mas só ouvia o que o motorista falava.
Lá pelas tantas ele cantava:
"É hoje sexta-feira e eu consigo ser feliiiiiz"
Silêncio
Depois assobiava.
E por fim cantou:
"É hoje o dia
da alegria
é sexta-feira
é dia da loira"
E assobiava.
Então a loira embarcou. Lembrei de um trecho do Bauman, ao falar das pessoas que exaltam tanto a pessoa amada que os que não conhecem pensam que é uma verdadeira Afrodite misturada com Atena. A loira ouvia os galanteios do motorista, olhava de soslaio para a cobradora e ambas riam com o canto da boca.
Infelizmente a parada da rodoviária chegou.
Queria entender por que as pessoas usam fones de ouvido dentro dos ônibus.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Conversas no ônibus ou de como somos amebas
O rapaz branco, de uniforme, avisou ao cobrador que estava pagando a passagem do Seu Elói. E conversou com ele. Pouco podia ouvir. Até que sentaram perto.
Era o senhor quem falava
- Então em um ano, aquele velho, que nunca tinha aprendido nada, a ler a escrever, nem assinar o nome, nada. Em um ano ele entrou naquilo, chamavam Mobral antigamente, mas nem era supletivo, entrou no primeiro ano mesmo. E ele velho, não sabia nada, nada, em um ano ele aprendeu a ler, a escrever, sabia assinar o nome...
Ruídos.
Olhei pro lado e sorri.
O velho continuou:
- Eu fui até o terceiro ano. E você?
- Eu fiz o terceiro colegial. - Ele disse com orgulho. Foi o terceiro colegial que o propiciou o uniforme?
- Caraca!!! Você é estudado!
Sorri mais amarga. Há quanto tempo passei do "terceiro colegial". O quanto estudei. Mas que distância, que distância da verdadeira sabedoria.
É, às vezes eu acredito que ela existe. E passeia de ônibus.
XXXXXX
Frustração. Definição. Quando você vasculha um arquivo enorme, empoeirado, bagunçado e se depara com um livro, do seu sujeito, escrito na capa DIÁRIO. Que emoção!!! Encontrei! Encontrei! Enfim saberei todos os seus segredos!!! Lentamente, abre-se o diário e........... o miolo do livro sumiu. Só restou a capa dura e alguns recortes de jornal. NSP deve estar rolando de rir de mim a essas horas, esteja onde estiver.
domingo, 8 de novembro de 2009
Era para ser sobre Uberlândia
Já o congresso, foi importantíssimo para retomar antigas certezas, contestar pontos fracos do meu projeto e melhor delimitar onde está a novidade de se estudar educação na Era Vargas. Tem como fazer, mas vai dar trabalho. E quem liga??? eheheheheheh.
Mas esse post é para divulgar um texto que li em outro blog. Espero que gostem.
Leia aqui.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Você tem alguma dúvida?
Eu não...
Assista...
Só por diabo uma coisa dessas...
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Campinas, pessoas e lugares
Um lugar em Campinas: Cemitério da Saudade. Empolgação, tristeza e medo de baratas. O lugar é M A R A V I L H O S O. Arte, história, memória e, claro, saudade.
Duas pessoas em Campinas.
1) A senhora Silvana. Senta ao seu lado no ônibus, mostra as fotos dos filhos Djhondder e Charles Willi (ou algo assim). O mais velho está se profissionalizando como modelo. O mais novo passou de fase na Olimpíada de Matemática. A do meio é ajuizada. Ela já fez curso de camareira e de passar roupa. Em breve, fará o curso de corte e costura, pois seu sonho é trabalhar com moda e estilismo. Oferece seus serviços de faxina, cozinha e cuidado da roupa por R$ 60,00 o dia. "Fique com meu telefone, eu lavo suas roupinha quando você precisar e limpo sua casa". Claro, vou indicar para quem precisar. Desceu no ponto da Francisco Glicério.
2) Não existe lugar mais tranquilo para ler "O charme da ciência e a sedução da objetividade", de Stella Bresciani, do que o último banco da Igreja do Carmo. E se aproxima a senhorinha com uma camisa puída, cor-de-rosa, com um belo broche azul petróleo onde falta um botão. E comenta que a missa vai começar logo, em breve a Igreja vai ficar cheinha. Por isso ela chega cedo, para poder sentar durante a missa. E toca o sino. São 13 badaladas. A missa é só às 15h. A senhorinha me deseja felicidades e me acha parecida com a Natália Dill (é assim que escreve?), a Santinha da novela que já acabou. Isso foi engraçado e doloroso. Que lindo interior, o da senhorinha. Grande a distância da comparação.
Campinas resolveu mostrar-se bela, depois de eu tanto dizer que não a tenho apreciado. Graças às pessoas e seus belos interiores. As vivas e as mortas.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Sobre a escrita
Tudo não só parece, como ESTÁ, sem sentido. Só a certeza de que todos nós estamos, com certeza, sozinhos.
E Stendhal escrevia, que coincidência, em 1822:
"Escrevemos ao acaso, cada um afirmando o que lhe parece verdadeiro, e cada um desmentindo o vizinho, em momentos diferentes. Vejo igualmente nossos livros ocmo bilhetes de loteria; não têm na verdade nenhum valor. A posteridade, ao olvidar uns e reimprimir outros, vai declarar quais os bilhetes ganhadores."
Isso está em STENDHAL. Pensées et réflexions. Org. Henri Martineau. Paris: Plon, 1975.
Mas eu li em SALIBA, E.T. As utopias românticas. 2a ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2002. O livro estava na biblioteca da FE desde 2006 e, ao que tudo indica, ninguém o havia tocado até agora.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Animais de estimação
Mas é tão lindo...
http://www.adotaretudodebom.com.br/
Ao amanhecer, com chuva
Acabo sempre fazendo das duas coisas. Meio a meio.
E assim o equilíbrio entre duas pessoas e entre três cidades se constitui.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Cartilha sobre orgânicos
A cartilha "O Olho do Consumidor"produzida pelo Ministério da
Agricultura, com arte do Ziraldo, para divulgar a criação do Selo do
SISORG (Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica) que
pretende padronizar, identificar e valorizar produtos orgânicos,
orientando o consumidor.
Infelizmente, a multinacional de sementes transgênicas Monsanto
obteve uma liminar de mandado de segurança que impediu sua
distribuição. O arquivo foi inclusive retirado do site do Ministério
(o link está "vazio").
Em autêntica desobediência civil e resistência pacífica à medida de
força, estamos distribuindo eletrônicamente a cartilha.
Se você concorda com esta idéia, continue a distribuição para seus
amigos e conhecidos.
Dá para baixar aqui.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Desnutrição, HIV, malária, cólera...
Ainda bem que sempre temos vozes dissonantes.
Esse texto parece estar rolando pela net e foi adaptado por André Luis Rosa e Silva.
PANDEMIA DE LUCRO - Reflexões sobre a "Gripe suína" (quem realmente é suíno por aqui?)
A IRONIA NO SEU MELHOR ESTILO:
3000 pessoas contraem a "Gripe H1N1" e o mundo todo corre para comprar máscaras anti-sépticas,
remédios com eficiência questionável, álcool em gel. No entanto, há 25 milhões de pessoas contaminadas
pelo HIV e não há a mesma paranoia pelo uso dos preservativos...
Interesses econômicos excusos e lucros milionários movimentam-se silenciosamente por detrás da paranoia sobre a contaminação pela influenza H1N1.
A Malária mata milhões de pessoas por ano, no mundo todo. Não existe uma vacina contra a malária, mas a prevenção é bastante simples: mosquiteiros, repelentes. Porém, não há uma comoção mundial nos noticiários sobre isso.
Por conta da desnutrição, mais ou menos 2 milhões de crianças morrem com diarréia, anualmente, no mundo. Para curar a diarréia, usa-se um soro que custa 25 centavos de dólar. Onde está a comoção mundial da mídia a respeito dessas mortes completamente evitáveis?
O sarampo e a pneumonia, enfermidades curáveis com vacinas e métodos preventivos baratos, provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano.
Cadê os editoriais da Folha de São Paulo, Gazeta do Povo, Estado de São Paulo, The New York Times, El País. La Nación, a respeito???
Há cerca de dez anos, ocorreu o surto da chamada "gripe aviária", "gripe do frango", "gripe asiática"; e aí, jornais do mundo todo colocaram em primeira página manchetes atemorizantes, que prenunciavam o fim do mundo. Trataram o assunto como a mais perigosa de todas as epidemias que já atingiram a humanidade. Uma Pandemia! Só se falava da terrível e letal enfermidade das aves, que poderia provocar a morte de milhões, talvez bilhões, se não fosse controlada.
Porém, o surto foi controlado e ao final, constatou-se que a gripe aviária havia matado ... menos de 500 pessoas, em 10 anos. 50 mortos por ano...
Comparativamente, a gripe comum mata cerca de meio milhão de pessoas por ano. São 500 mil contra 50.
Não parece que existe algo errado? Algo de podre no Reino da Dinamarca? A pergunta que não quer calar: POR QUE SE ARMOU UM ESCÂNDALO MUNDIAL SOBRE UMA DOENÇA QUE MATOU 500 PESSOAS, SE UMA DOENÇA MUITO MAIS COMUM MATA MIL VEZES MAIS POR ANO???
A resposta talvez seja: porque por detrás dos pobres "frangos" possa existir um "galo" vermelho, de crista grande, chamado "LUCRO". Um lucro que chega a apenas alguns "criadores", mais especificamente, as indústrias farmacêuticas multinacionais.
O medicamento "TAMIFLU", produzido pela multinacional La Roche (A.F. Hoffmann-La Roche, LTD., com sede na Suíça), vendeu milhões de doses aos países asiáticos, como forma de prevenção. O governo britânico comprou 14 milhões de doses.
Entretanto, a eficácia do Tamiflu foi contestada por especialistas de diversos países. Ainda assim, La Roche lucrou astronomicamente, porque a paranoia serve como publicidade barata para venda de remédios em escala mundial. 10 cápsulas do Tamiflu 30 mg custam a bagatela de US$88,65 (oitenta e oito dólares e sessenta e cinco cents).
Interessante, não?
Agora, em 2009, temos um novo surto de manchetes de primeira página, alertando a população mundial contra a "nova gripe", a "gripe suína", Influenza H1N1. No Brasil, hoje (1 de agosto de 2009), enquanto escrevo, cinco estados mais o Distrito Federal decretaram suspensão às aulas, como maneira de previnir o surto da "gripe mortal". Entretanto, segundo dados do Ministério da Saúde, morreram no país 378 pessoas de Influenza H1N1, até agora.
A taxa de mortalidade é de 0,2% da população. Maiores informações: http://portal.saude.gov.br/saude/ (acessado agorinha mesmo, às 15h41).
Assim mesmo, em Curitiba, onde estive a passear, de férias,ontem, num frio de 9 graus, típico da capital paranaense, eu vi coisas que jamais havia visto antes: curitibanos abrindo as janelas do coletivo, independente do frio, bancos vazios, pessoas se afastando de quem quer que estivesse com máscara, pessoas se equilibrando em pé para não tocar nos corrimões. Além da paranoia: casais de amigos grávidos evitando sair de casa, mães que não levam mais crianças aos parquinhos, escolas fechadas no estado inteiro,a Justiça do Trabalho que suspendeu audiências e a conversa sobre "a gripe", onde quer que se esteja. Com a ausÊncia do Tamiflu nas farmácias paranaenses, nasceu uma nova modalidade de "importação": agora, nossos muambeiros trazem na bagagem o famigerado medicamento, com o ágio de costume, e sem as garantias legais.
A Gazeta do Povo estampou na primeira página: Escolas e faculdades suspendem as aulas(29 de junho). "Medo da Gripe A deixa 650 mil sem aula no PR" (29 de junho).
Reflexões:
Com a chamada "gripe aviária" os laboratórios La Roche e Relenza, os dois maiores fabricantes dos antivirais antivirais, obtiveram bilhões de dólares de lucro, nos últimos dez anos.
Primeiro, as aves. Agora, os suínos. A psicose da gripe "suína" tomou conta dos noticiários do mundo todo.
Acabou-se a "crise econômica". A recessão da economia dos EUA não dá mais manchete, nem a guerra no Afeganistão. A violência nas grandes cidades brasileiras está no banco de reservas. O caos do trÂnsito em São Paulo sumiu. A intransigência do prefeito Kassab quanto ao transporte público, virou nota de rodapé. A fome no Nordeste é demodè. A violência contra trabalhadores e povos indígenas no Pará, Acre, Mato Grosso écoisa de petista. A destruição da Floresta pelos latifúndios de soja e gado não merece atenção. O derretimento das calotas polares fica pro ano que vem. As redes neo-nazistas no Centro-Sul do Brasil é balela.
Tudo acabado, agora é a vez da Gripe "Suína". Se atrás dos frangos havia um Grande Galo, não haverá atrás dos suínos um Grande Javali do lucro?
A empresa norte-americana Gilead Sciences, que por acaso tem por principal acionista o senhor Donald Rumsfeld, ex-secretário de Defesa do governo Bush, um dos principais incentivadores da guerra contra o Iraque e contra o Afeganistão, um dos pais da paranoia global anti-terrorismo nos anos do Governo Bush, é a detentora da patente do TAMIFLU.
Enquanto os paranaenses, mineiros, gaúchos, e outras pessoas dos "países em desenvolvimento" assumem a paranoia e promovem uma corrida às farmácias, os acionistas de grandes empresas farmacêuticas multinacionais esfregam as mãos e brilham os olhos com duas cifras, aguardando os lucros bilionários.
A pandemia real é o lucro, os lucros astronômicos de pessoas sem escrúpulos, que ganham com a alienação em escala global.
É inegável a necessidade de precaução que se tomam pelos países. Mas se a Influenza H1N1 é realmente uma pandemia tão terrível como anunciam os meios de comunicação, que causa tanta preocupação à OMS, chefiada pela Doutora Margaret Chan, POR QUE A OMS NÃO DECLARA A GRIPE UM PROBLEMA DE SAÚDE MUNDIAL E DÁ SEU AVAL PARA A FABRICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS NECESSÁRIOS PARA COMBATÊ-LA, e assim, combate também os LUCROS de Rumsfeld e companhia?
A distriubiução de medicamentos genéricos e gratuitos às populações de todos os países, em especial os mais pobres, seria uma maneira humanitária, inteligente, realista e sincera de se combater esse mal do século 21.
REPASSEM ESTA MENSAGEM POR TODOS OS LADOS, COMO SE TRATASSE DE UMA VACINA, PARA QUE TODOS CONHEÇAM A REALIDADE DESTA "PANDEMIA". O pior mal que pode nos assolar é a ALIENAÇÃO, a escravidão às opiniões alheias, em especial dos grandes grupos econômicos, sejam farmacêuticos, políticos ou midiáticos.
Obviamente, os meios de comunicação divulgam apenas o que interessa aos patrocinadores, não aos ouvintes e leitores. Mas o boca a boca pode fazer a diferença.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Maus
Tenho em PDF, quem quiser manda um email...
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Trapo
No tempo em que havia Feira do Livro em Ponta Grossa, o Cristóvão Tezza deu uma palestra. Que cara simpático! E tinha aberto um buraco dentro de mim, naquela manhã de sábado. No entanto, ainda o vejo como um cara simpático de meia idade, cuja trajetória me agrada acompanhar desde que possível.
E agora, isso...
"Resposta de Tezza".
Dá pra acreditar? Tem razão, Janaína... a escola nunca vai ensinar a pensar desse jeito. O estômago chega a dar voltas quando pensamos nesses absurdos.
Em que se plantando tudo dá
http://artigo.zip.net/
E o que é melhor? Eu estarei em PG nesse dia!!! uahahahahahahahah!!!
sábado, 4 de julho de 2009
Livros - questão de escolha?
Ainda bem que o grande Ben Hur está sempre atento para nos avisar.
Editorial Gazeta do Povo, 01/07/2009
Livros, questão de escolha
Todas as cidades do Paraná contam com bibliotecas públicas à disposição da população. Isso na teoria. A realidade desmente a animadora estatística do Ministério da Cultura (Minc) em pelo menos seis municípios do estado: Adrianópolis, Agudos do Sul, Bocaiuva do Sul, Inajá, Iracema do Oeste e Itaúna do Sul. Como mostrou no domingo a reportagem da Gazeta do Povo, nessas localidades até há livros, mas faltam espaços para que as obras cumpram o destino de chegar às mãos dos leitores. O caso dá a medida da tarefa que o ministério tem pela frente para cumprir a meta de zerar o número de cidades brasileiras sem biblioteca até o fim de julho.
Maior que o problema quantitativo -- a ser resolvido pelo efetivo cumprimento da meta federal e por programas estaduais como o paranaense Biblioteca Cidadã -- é o desafio da qualidade. Desafio que toma dimensão ainda maior quando envolve a escolha de obras destinadas a bibliotecas escolares. Um episódio recente, ocorrido em União da Vitória, chama a atenção para essa questão.
Surpresos com a enorme procura dos adolescentes por dois títulos específicos, os educadores da Escola Estadual São Cristóvão descobriram que cenas de pornografia, violência e pedofilia é que estavam despertando o interesse dos jovens leitores para os livros, que chegaram até o colégio por meio do Programa Nacional das Bibliotecas Escolares (PNBE), do Ministério da Educação. Constatada a inadequação dos conteúdos, o diretor da escola, Jair Brugnago, também vereador em União da Vitória, entrou com ação no Ministério Público para pedir que todos os exemplares de Amor à Brasileira – que reúne vários contos, dentre eles um de Dalton Trevisan -- e Um Contrato com Deus, do escritor americano Will Eisner, fossem retirados das escolas da cidade. Decisão semelhante foi tomada pelo Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu. Essas medidas chegaram a ser confundidas com censura, o que indica o quanto a cultura da aceitação automática, sem questionamentos, está instalada no universo escolar.
O que se passou em União da Vitória e em Foz do Iguaçu foi a reação possível diante de uma situação que chegou ao extremo porque os mecanismos anteriores falharam. Afinal, as obras que desembarcam nas estantes das escolas públicas são resultado de algumas escolhas. A primeira delas se dá na esfera editorial. Em grande medida, as editoras definem o que os estudantes brasileiros vão ler durante o ano letivo, pois escolhem quais originais vão ou não para a impressão, quais obras serão ou não reeditadas. Essas empresas nem sempre tomam suas decisões de forma independente, pois lutam entre si para terem os títulos “apadrinhados” por programas oficiais. Segundo a Câmara Brasileira do Livro, cerca de 60% dos títulos editados no Brasil são comprados pelos governos para distribuição em programas escolares. Como é óbvio, um grande número de autores não consegue passar pelo crivo do mercado editorial. Curiosamente, a ninguém ocorre dizer que as editoras “censuram” os títulos recusados. Fica entendido que se trata de uma seleção.
A escolha seguinte se dá na esfera das políticas públicas. No caso do governo federal, cabe à comissão de educadores do PNBE selecionar, no universo de títulos disponíveis, quais são os mais adequados para os estudantes. Kits como o que chegou à Escola Estadual São Cristóvão, de União da Vitória, são resultado dessa decisão. Os que são destinados ao ensino médio contêm no máximo 273 títulos (caso das instituições com mais de 500 alunos). É fácil, portanto, dar pela falta de um imenso número de escritores da literatura nacional e mundial. Teriam sido censurados? É evidente que não. Seria pouco razoável queixar-se de que uma ou outra obra não fazem parte da lista. Afinal, há mais títulos “ausentes” do que “presentes”. Cabe, portanto, a abordagem inversa. Se as preferências recaem sobre um certo conjunto de títulos, isso indica que os responsáveis pela seleção consideram esses livros como os mais indicados para os estudantes brasileiros. É sob essa perspectiva que se pergunta: Amor à Brasileira e Um Contrato com Deus são realmente as escolhas mais adequadas, dentre tantas possíveis, para nossos estudantes? Claramente, não é esse o caso. Tanto assim que mesmo quem inicialmente viu censura na decisão de Brugnago ficou perplexo com o teor de uma das obras em questão: na entrevista que concedeu a uma emissora de rádio de Curitiba, Brugnago foi desafiado pelo radialista a comprovar o despropósito do conteúdo. Com a leitura de um trecho pelo diretor, o constrangimento ficou nítido. Tanto que só restou ao entrevistador chamar os comerciais.
A inadequação da escolha é evidente. Para explicar a opção pelos títulos em um programa federal, restam, portanto, duas hipóteses: despreparo ou negligência. Como se vê, o caso não é de censura.
Em 02 de JULHO, coluna do leitor
Leitura 2
Li o editorial da Gazeta de 1º/7 com o titulo “Livro, questão de escolha”, no qual o jornal trata da polêmica relacionada aos livros Amor à Brasileira e Um contrato com Deus recebidos nas bibliotecas do Paraná inclusive em União da Vitória e Foz do Iguaçu. Minha surpresa fica por conta da opinião de que não houve censura e sim despreparo ou negligência por parte das autoridades federais. Livro é livro, aqui ou na China. Ler e refletir sobre o que se lê: eis o motivo da leitura. Estamos falando de alunos de ensino médio e não de educação infantil. Uma boa biblioteca deve ter qualquer tipo de publicação legalmente encontrável no território nacional. A prevalecer a opinião dos educadores (de Foz do Iguaçu e de União da Vitória), somente eles estão certos. O restante dos diretores cujas escolas receberam as obras estão errados. Logo, em União da Vitória e em Foz não se pode ler Jorge Amado, principalmente o título Tocaia Grande. A cultura e a arte estão e sempre estarão em confronto com o que se chama de “moral e bons costumes”.
Antônio Francisco da Silva
Enviei um comentário também. Para ler, clique aqui. Aff, que coisa clichê esse clique aqui...
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Princesa do Oeste
Um dos apelidos de Campinas, além de Cidade das Andorinhas, é "PRINCESA DO OESTE".
Eu que vim da Princesa dos Campos, aqui me sinto em casa!!!
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Adélia Prado
Casamento
Adélia Prado
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano - São Paulo, 1991, pág. 252.
Eu já conhecia esse poema, mas não sabia que era da Adélia Prado. Ele fazia parte de uma pasta de poemas que minha mãe havia datilografado quando jovem. Minha mãe era secretária. Anos depois, eu digitei aqueles poemas todos, no computador. Mas antes disso, li e reli tantas vezes aquela pasta. Ela não existe mais.
Curiosa, procurei saber mais sobre Adélia Prado. E, claro, quase inundei o apartamento de tanto chorar.
Saiba por que aqui.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Mais notícias sobre a greve
E os funcionários e professores da UNICAMP resolveram terminar a greve. Ainda não sei exatamente por que, se nenhuma das reivindicações foi atendida. A não ser que consideremos como reivindicação a saída da PM da USP, o que era uma obrigação do poder público e não uma reivindicação.
E as negociações sobre aumento salarial? E aa ampliação do debate sobre a UNIVESP? E a urgência da equalização dos bônus dos trabalhadores das Estaduais Paulistas?
Não entendo mesmo...
Acompanhem o post do Mobiliza Unicamp a respeito. Os alunos continuam em greve. Quarta feira que vem estarei por lá. Vamos ver como as coisas estarão. Sinceramente, não vejo muita perspectiva em greve isolada de uma categoria. Dá impressão que causaria divisão entre as três categorias. Mas não entendo quase nada de greve...
Só fico triste porque a mobilização estava muito bonita.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Democracia na Universidade
Mas não deixo de fazer minha panfletagem virtual, mesmo estando cada vez mais horrorizada com EAD. Rsrsrs...
O texto abaixo foi retirado do blog Mobiliza Unicamp, que já citei por aqui.
Abraços para tod@s.
Saudades de PG...
O Ensino à Distância na USP
CarosAmigos
Lincoln Secco (Professor do Departamento de História da FFLCH – USP)
Certa vez ouvi uma anedota que dizia mais ou menos assim: se Immanuel Kant
ressuscitasse em pleno século XXI, ele se espantaria com quase tudo, menos
com a escola. Ainda veria um professor, alunos, giz e lousa. Só agora
me dei conta que essa piada podia ter um conteúdo crítico. Afinal, por
que o ensino deveria ficar fora dos avanços tecnológicos que já dominam as
outras esferas da vida social?
O ensino à distância democratizaria o acesso à universidade a custo baixo
(sublinhe-se o custo baixo); acabaria com o ensino voltado somente para a
elite; e não seria aplicado indiscriminadamente (médicos e engenheiros
continuariam em ensino presencial).
Não precisamos perguntar por que uma maneira de ensinar mais barata serve
para formar professores e não para formar médicos. A resposta seria
evidente: professor é categoria que pode ser formada de qualquer jeito.
Também não é necessário indagar porque os alunos mais pobres (supostamente
beneficiados pela expansão das vagas de ensino à distância) merecem uma
forma no mínimo incerta de educação enquanto os supostamente mais ricos
continuariam no ensino presencial.
Talvez o problema não esteja na Univesp em si. E nem nos recusamos à
formação para o mercado. Na USP como em todo lugar, o aluno já é virtual
em si e por si mesmo. Ele é potencialmente uma mercadoria num mundo que é
uma imensa coleção delas. Ele será destinado a isso. Nossa diferença não é
gerar conhecimento crítico (embora o façamos), mas treinar para o mercado
os melhores produtores ou extratores de mais valia. Entre uma aula e
outra, às vezes questionamos isso tudo.
Numa Faculdade de Filosofia costumamos aprender que as formas de aparência
expressam não técnicas ou coisas, mas relações sociais. Por trás do
fetiche das técnicas, o processo ensino-aprendizagem continua a ser uma
relação social. Na sua etapa superior (e numa universidade de excelência
como a nossa) ocorre em salas de aula, laboratórios, hospitais etc. Mas
não só. Também nos gabinetes dos professores, nos anfiteatros, nos pátios,
nos cafés e lanchonetes, no bandejão, no Crusp, no ônibus lotado, na
piscina, nos corredores, nas plenárias e assembléias, nas festas, nas
greves, nos debates, nos seminários e congressos, nas rodas em que vicejam
as anedotas dos professores...
Como costumamos dotar a técnica mais nova de poderes mágicos, acreditamos
que ela pode substituir toda essa vivência.
Até o dolce far niente pode ser necessário ao estudante. Deitar na praça
do Relógio e ler Einstein, Keynes, Freud, Debord, Braudel, Darwin e outros
monstros pode (pasmem) ser uma experiência e tanto. Formar grupos de
estudos, comer e beber juntos, olhar nos olhos são atitudes que não podem
ser meramente “virtuais”.
Um exemplo: eu e alguns amigos jantávamos muito com o saudoso Professor A.
L. Rocha Barros, do Instituto de Física da nossa universidade. Ele contava
que um dia jogaram uma pedra na direção do aluno Fernando Henrique Cardoso
e Rocha Barros conseguira puxá-lo para si, salvando-o. “Como me arrependo
disso”, dizia o velho professor comunista jocosamente... Histórias como
essas desaparecerão para alunos formados à distância.
Talvez os idealizadores da Univesp tenham esquecido: a formação do jovem
não se resume ao conteúdo do ensino, seja numa sala de aula ou à frente de
um computador. Sendo uma relação social entre pessoas, mediada por uma
instituição como a nossa, negar às pessoas essa vivência universitária
seria o maior dos erros.
Não se nega que cursos de extensão, pós graduação lato sensu etc possam
ser à distância. Mas a formação básica na USP nunca poderá sê-lo. É
verdade que certas coisas se modernizam e supostos reacionários
empedernidos se agarram ao mundo perdido das escolas de Könisberg do
século XVIII. É mais ou menos como a mais velha relação humana: já existe
o amor virtual e há quem o prefira; mas é difícil acreditar que ele seja
melhor do que o concreto.
Eu juro que tentei fugir das questões políticas do movimento estudantil,
mas não consegui ...
FORA PM !!!!!
FORA SUELY!!!!
DEMOCRATIZAÇÃO DO PODER NA UNIVERSIDADE!!!!!
terça-feira, 16 de junho de 2009
A victoriosa rainha dos campos
Assim, pretendia-se construir a idéia de um estado cujas bases seriam o progresso, a ordem e a civilização, um local privilegiado e atraente, com um futuro promissor. Quando se refere a Ponta Grossa, é essa a motivação de Raul Gomes: a construção da idéia de uma cidade que, como o Paraná, não é "ponto de passagem" e intermediação, mas um local com identidade própria, onde valeria a pena viver:
Num alto, situada no segundo planalto paranaense, em plena campanha, beijada por ventos contínuos, Ponta Grossa não é victima de variações climatologicas de consequencias fataes. O verão transcorre sem esses calores que suffocam e crestam tudo. Não há ali o horror das soalheiras, tornando insupportavel a vida estival. Assim, tambem, si o inverno é rigoroso, o frio que elle traz é secco, bom saudavel. Por isso aquelle povo é vigoroso, forte, com tonalidades soberbas nas faces transbordantes de saude. (13)
O habitante da cidade também se identifica com esse tipo de construção ideal:
O corpo possante, espadaudo, com musculos que parecem ferro nos dá idéa do dos americanos do norte ou dos paulistas. E não poderia ser por menos porque o meio faz ou adapta o homem ás suas circumstancias(sic). Um sabio que estudasse Ponta Grossa concluiria, sem conhecer o pontagrossense, por gisar, em traços inapagaveis, o seu typo inconfundivel.
A tonificação, o ar puro dos campos, infiltrado no organismo como uma therapêutica natural, entre outras consequencias, torna o homem de pulmões formidáveis.
Por isso é que a voz do pontagrossense é de um volume extraordinário e se distingue onde quer que seja ouvida.
Tambem ali, naquella terra admiravel, não se nos deparam pelas rua typos enfesados, esqueleticos, que mendigam com as mãos e com o olhar... A vida forte e rija jamais origina vagabundos: o indivíduo cujo sangue é vermelho e quente não sofre da preguiça que é filha do lymphatismo. (14)
E que ressalta o caráter empreendedor de seu povo, expresso na cooperação mútua e no trabalho:
A vida pontagrossense não differe muito da vida de nossas cidades. É uma vida de acção reflectida numa somma elevada de trabalho. O povo moureja afanosamente. Uma ancia de se tornar abastado o insufla dessa febre de actividade, desdobrada numa série de emprehendimentos dos mais notaveis, desde que nos coloquemos num ponto de vista de relatividade.
(...) o povo pontagrossense não se encastella num egoísmo aparentado da usura. Pelo contrario. Existe na população um pronunciado espirito associativo, que o leva a se unir e trabalhar sob o pallio de um mesmo pensamento de progresso e evolução sociaes. (15)
As notas referem-se a
(13) Jornal "O Progresso" nº. 589 de 23 de julho de 1912.
(14) Jornal "O Progresso"nº. 589 de 23 de julho de 1912.
(15) Jornal "O Progresso" nº. 591 de 25 de julho de 1912.
Que interessante esse meu interior primordial.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Em greve
Razões? Um pouco é ocupação com leituras e preocupação com o projeto, que nunca sai. E se ele não sai, a bolsa também não.
E a outra é muito melhor. Os estudantes da FE estão em greve, eu lá tenho meus conflitos pessoais (não entendo bem como funciona greve estudantil), mas na medida do possível quero dar minha contribuição.
Então, começo repassando o link das mobilizações. Hoje teremos uma programação muito interessante.
E ao mesmo tempo, estamos no colóquio internacional sobre utopia, que está sendo bárbaro!!!
Boa leitura!
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Slogans
Prefeito Pedro Wosgrau (Wosgrana) Filho - PSDB
"Trabalhando por você"
Prefeitura Municipal de Campinas
Prefeito Hélio de Oliveira Santos - PDT
"Primeiro os que mais precisam"
Prefeitura Municipal de São José dos Campos
Prefeito Eduardo Cury - PSDB
É alguma coisa furada assim também...
Ai ai, duas cidades, duas psdb... estou bem de prefeito...
domingo, 10 de maio de 2009
Rituais e a morte
Mas não há nada pior do que os rituais católicos nos velórios. A não ser que você goste de ver sua dor e a da sua família exposta para todos os curiosos/solidários que vieram acompanhar o corpo até sua "última morada". Orações, terços, benzimento do corpo, despedidas, tudo bem. Quem quer ou tem necessidade de tocar as mãos do defundo ou beijar sua face fria (credo!!!), paciência. Todos ficam olhando e pensando: "realmente, fulana/o realmente amava o/a falecido".
Cada qual com seu interior. Mas é nessas horas que eu queria me interior e meu exterior bem longe desses rituais.
A morte não é divertida, a morte não devia dar IBOPE, a morte é fria, devia ficar apenas em nossos interiores. Quem anda com vontade de ver o último filme de terror, porque gosta de "passar medo" ou ser chocado, convido a dar um pulinho no pronto socorro de sua cidade. Passe uma noite lá. Principalmente a madrugada. Não haverá monstros, nem anjos da morte. Coisa muito pior.
Ah, e depois, tente ler um artigo sobre políticas públicas e neoliberalismo.
domingo, 26 de abril de 2009
Bauman, Heller e ... GESSINGER!!!
Mas o Bauman é o novo amor. I love you xuxu, você me deu o conceito que eu precisava!!
MAS SÓ GESSINGER poetizou o que eu pensava.
Vícios de Linguagem
Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger
Tudo se resume a uma briga de torcidas
E a gente ali no meio, no meio das bandeiras
O jogo não importa, ninguém tá assistindo
E a gente ali no meio, no meio da cegueira
Tudo se reduz a um campo de batalha
E a gente ali no meio
Tudo se resume a disputa entre partidos
Lama na imprensa, sangue nas bandeiras
A verdade passa ao largo, como se não existisse
E a gente ali no meio, como se não existisse
Tudo se reduz, a uma cruz e uma espada
Tchê, de que lado tu estás?
Ninguém pode agradar os dois lados
Hey, it's time to make a choice
We all want to hear your voice (it's true)
Faça a sua aposta, tome a sua decisão
Tudo se produz na mesma linha de montagem
Apogeu e decadência na mais nobre linhagem
Votos de silêncio... vícios de linguagem
Nada traduz
Hey, don't you know that you are
In the middle of a war (yes, you are)
Tchê, de que lado tu estás?
Ninguém pode ficar no meio do tiroteio
Now it's time to say whose side you're on
Tudo se resume, se presume, se reduz
E o principal fica fora do resumo
sábado, 25 de abril de 2009
Atrasados
Então vamos lá.
Domingo de Ramos passou faz tempo. Páscoa também. Mas a procissão, seja em Campinas, seja em PG, é, foi e será eternamente a mesma. Eita coisa que nunca muda. Ela saiu bem de frente ao meu prédio, não tinha desculpa para não ir. Estavam distribuindo ramos de palmeira. Ah, o Greenpeace por lá. Então eu tinha a hora, o lugar e o ramo. E queria rezar. A procissão começou. Lá na frente, os beatos, os líderes (só homens, estranho) carregando as cruzes com faixas vermelhas e (mais) ramos enfeitando.Um pouco atrás, uma mulher jovem puxava os cantos. E logo começaram os pai-nossos e ave-marias. Eu gosto disso. A reza monótona e o som dos passos no asfalto molhado da chuva que caiu na madrugada. E os inevitáveis cochichos: "você viu se ela veio?". "Vi, ela tá aqui, acabou de passar por nós, você não viu?". "Será que o padre vai bzzbzzbzz". A puxadora, irritada, joga com voz esganiçada uma Ave-Maria para o fundo da procissão. "Ooooooooooi!, tudo bom??". "Acordou cedo hoje, hein?". Aí já não deu mais pra rezar. Só pedir pra essa insônia passar, senão vou ter de sair da comunidade "Eu odeio acordar cedo".
---- xx ----
Era uma vez um jovem aprendiz. Ele foi até a base da montanha ouvir os sábios. Ouviu, ouviu, ouviu. Leu tudo o que mandaram que lesse e tentou aprender. Depois o enviaram para o vale, onde ele deveria acender uma fogueira e juntar as crianças da aldeia, em nome dos sábios da base da montanha. Havia um dos sábios que ele admirou mais que os outros. Era o mais fascinante, o mais desafiador.
Ele ficou feliz e foi. Mas cada olhar dos seus pequenos aprendizes lhe dizia que ele sabia pouco. Então voltou e procurou o sábio mais sábio de todos, o que ele mais admirava. E juntos eles subiram a montanha. O aprendiz ouviu, ouviu, ouviu. Leu, leu, leu e escreveu também suas próprias marcas e foi enviado para a base da montanha. Lá ele deveria acender uma fogueira e ensinar outros.
Mas ele continuava insatisfeito. Voltou para o sábio mais sábio, que disse: não procure mais. Apenas caminhe.
E ele caminhou. Atravessou vales, florestas e pântanos. Chorou. Em cada aldeia, acendia uma fogueira e ensinava o pouco que sabia. Aprendia com as perguntas dos jovens e sua inquietação aumentava.
Um dia, ao escalar uma montanha, encontrou um grande acampamento. Lá, num canto, uma senhora ensinava, exatamente do jeito que ele sempre sonhou (e tentou!) ensinar. Ele pediu licença e permitiram que sentasse com os demais, alguns, bem mais velhos que ele. Ouviu, ouviu, ouviu e inebriou-se. A senhora ofereceu uma poesia e todos em troca ofereceram seus pensamentos. Ela sorriu e valorizou as expressões, sem deixar de fornecer a sua própria e as de outros sábios que ela conhecia.
E ele resolveu ficar por ali um pouco, para aprender com ela.
O caminho não tem fim.
terça-feira, 7 de abril de 2009
Propaganda de escola em Campinas
[A propaganda começava com um canto de ninar, a voz do locutor sonolenta:]
- O que você prefere: um professor cuja aula dá um sooooooooono danado...
[Aí entra um rock animadão e o locutor parece anunciar uma festa]
- OU UM PROFESSOR QUE DÁ UM VERDADEIRO SHOW??!!!
[gritos de pessoas como se estivessem vendo seu ídolo no palco]
Venha pro cursinho X... etc.
Nem uma coisa nem outra... às vezes eu acho que eu quero entrar para o grupo dos que desejam abolir de vez a escola. Dava menos prejuízo financeiro e menos estrago intelectual também.
Radicalizei ... a tpm me absolve, rsrs
sábado, 28 de março de 2009
Zygmunt Bauman e os interiores virtuais
Permita-me assinalar já neste estágio que os ‘grupos’ que os indivíduos destituídos pelas estruturas de referência ortodoxas ‘tentam encontrar ou estabelecer’ hoje em dia tendem a ser eletronicamente mediados, frágeis ‘totalidades virtuais’, em que é fácil entrar e ser abandonados. Dificilmente poderiam ser um substituto válido das formas sólidas – com a pretensão de ser ainda mais sólidas – de convívio que, graças à solidez genuína ou suposta, poderiam prometer aquele reconfortante (ainda que ilusório ou fraudulento) ‘sentimento do nós’ – que não é oferecido quando se está ‘surfando na rede’. Citando Clifford Stoll, viciado confesso em Internet, embora hoje curado e recuperado:absortos em perseguir e capturar as ofertas do tipo ‘entre agora’ que piscam nas telas de computador, estamos perdendo a capacidade de estabelecer interações espontâneas com pessoas reais. Charles Handy, teórico da administração, concorda: ‘engraçadas podem ser, essas comunidades virtuais, mas elas criam apenas uma ilusão de intimidade e um simulacro de comunidade’. Não podem ser um substituto válido de ‘sentar-se a uma mesa, olhar o rosto das pessoas e ter uma conversa real’. tampouco podem essas ‘comunidades virtuais’ dar substância à identidade pessoal – a razão básica para procurá-las. Pelo contrário, elas tornam mais difícil para a pessoa chegar a um acordo com o próprio eu.”
(BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005, p.31).
Por isso que a escola não tem por que ser virtual, se tomamos como premissa que escola é espaço de constituição de identidades.
sábado, 14 de março de 2009
O interior da biblioteca
A biblioteca é linda por definição. Interessante que seja circular, aliás, o prédio todo é circular, isso ainda me deixa meio perdida. Outro dia só que reparei que eram dois banheiros diferentes, um de cada "lado" do círculo. E eu achava que era sempre o mesmo.
Bem, a biblioteca. Linda por definição. Linda porque está cheia de livros. Mais linda ainda porque está toda pintada de branco.
E tem janelas, janelões, portas e portões.
Cadeiras estofadas e mesinhas com tamanho adequado para estudar.
E atrás dos janelões e dos portões... um jardim! Bem no miolo da biblioteca tem um jardim. Todo aberto, tem ar livre dentro da biblioteca. E lá também tem mesinhas e cadeiras estofadas. E um bebedouro. Dá pra ficar o dia INTEIRINHO lá sentada, estudando, ouvindo os passarinhos, as folhas e os aparelhos de ar condicionado.
A biblioteca parece uma flor.
quarta-feira, 4 de março de 2009
Mudança
A professora Guillermina disse ontem que os adolescentes e as crianças vivem cercados de centenas de estímulos diferentes, na casa, em seu quarto e conseguem controlar todos eles. Quando chegam na escola, só tem um professor falando, a lousa e o giz.
Ótimo, sabemos que as mídias são importantes, são aliadas. Ok, usar as diferentes linguagens para ensinar. Concordo e tentei colocar em prática tudo isso.
Mas acho que às vezes esquecemos do mais importante. Se os alunos vivem o tempo todo grudados no orkut, MSN, manipulam bem seu MP9, produzem vídeos e os colocam no youtube, tocam algum instrumento, etc., etc., será que a escola não tinha o DEVER de oferecer outras opções para os meninos e meninas?
Não se trata de voltar a fazer o que sempre fez, porque ficar de blá-blá-blá estéril também não é bom.
Penso em olho no olho, debate, relação humana, diálogo, disputa de idéias, conversa, ajudar o colega do lado e ser ajudado por alguém que veio no quadro e errou a resposta de uma questão. Se estamos mesmo na tal "sociedade da informação", será que a escola não deveria ser a guardiã da troca HUMANA, do hábito prazeroso de passar horas debruçado sobre um texto e depois discuti-lo com alguém. De exercitar o cérebro em comunhão com os outros? De resolver um exercício matemático e verificar que seus colegas conseguiram por um caminho diferente do seu?
Tenho pensado muito nas relações entre o afetivo, o diálogo, a utopia e o transcendente. Não sei quase nada ainda sobre isso. Só me parece que a escola possa ser um núcleo de resistência nesse sentido.
Para isso? Professores que tenham em suas mãos o conhecimento acima de tudo, salas de aula com poucos alunos, espaços confortáveis para debate, leitura e busca de informações, flexibilidade de horários...
Acho que isso custaria menos do que aparelhar todas as escolas do Brasil com salas de informática. OU não, pois turmas menores demandariam mais espaços. Mas nada de ficar construindo salas de aula em formato de cela de prisão. Chega de escolas-presídio. Se as escolas fossem construídas e mobiliadas em torno da premissa de que temos de estar confortáveis para sentar, ler, movimentar nossas cadeiras em direção aos diferentes colegas e debater, além de buscar informações nos mais diversos meios, acho que seriam muito melhores.
Ah, a utopia. Não sei se o blog era o lugar pra isso. Só um desabafo. Falo demais.
terça-feira, 3 de março de 2009
Primeiro dia na escola
Estou tomando chá na cantina que fica na esquina das ruas Sergio Buarque de Hollanda e Elis Regina. Fantástico.
Levantei cedo e caminhei, bem devagar, pela ciclovia que liga a pracinha onde moro até a UNICAMP. Coloquei coisas demais na bolsa, mas agora é tarde para me arrepender. Pretendia tirar algumas fotos (e postar aqui), mas a câmera não quis funcionar. Deve ser a pilha.
No caminho, restaurantes chiques, cursos de línguas, muitas árvores grandes, cigarras e goiabeiras.
Cheguei cedo para poder ir a Biblioteca e ao RU (comprar créditos para o almoço), mas ambos só abrem as 9h. E agora devem ser umas oito e meia.
Muitos estudantes caminham de um lugar a outro, muitos com bermudas e saias, pois ontem fez um calor insuportável. Hoje está nublado, espero que chova para eu não me arrepender por ter carregado a sombrinha.
A minha frente estão o Teatro de Arena e a Praça do Ciclo Básico. O teatro é meio pintado, meio grafitado. A caixa d'água tenta imitar um arco-íris, jamais conseguirá. A praça tem grama e árvores.
A Biblioteca... não vejo a hora de entrar lá e sair com um livro na mão. Ou dois. Gramsci, certamente.
Lá fora dos portões, parecia um acampamento de ciganos. Mas eram inúmeras barraquinhas de gente vendendo todo tipo de coisa. Vi de longe. Uma barraquinha chamou a atenção. Muitos e muitos potinhos na banca. O que será que ela vende? Cheguei a conclusão de que é potinho mesmo, tipo tupperware (topoé). Como na história da velhinha contrabandista.
_________________
Questão interessantíssima pescada na palestra de hoje: Todos sabem que o Estado não investe em Educação o suficiente. A pergunta é: se investisse, o que aconteceria?
A palestrante era a Prof. Dra. Guillermina Tiramonti - FLACSO/ Argentina.
domingo, 1 de março de 2009
Quem sabe isso quer dizer amor
Quem sabe isso quer dizer amor
Composição: Márcio Borges e Lô Borges
Cheguei a tempo de te ver acordarEu vim correndo à frente do sol
Abri a porta e antes de entrar
Revi a vida inteira
Pensei em tudo que é possível falar
Que sirva apenas para nós dois
Sinais de bem, desejos vitais
Pequenos fragmentos de luz
Falar da cor dos temporais
Do céu azul, das flores de abril
Pensar além do bem e do mal
Lembrar de coisas que ninguém viu
O mundo lá sempre a rodar
E em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor,
Estrada de fazer o sonho acontecer
Pensei no tempo e era tempo demais
Você olhou sorrindo pra mim
Me acenou um beijo de paz
Virou minha cabeça
Eu simplesmente não consigo parar
Lá fora o dia já clareou
Mas se você quiser transformar
O ribeirão em braço de mar
Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser
E perceber meu coração
Bater mais forte só por você
O mundo lá sempre a rodar,
E em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor,
Estrada de fazer o sonho acontecer
Há uns três anos essa música veio num CD despretensioso... ou pelo menos era o que eu pensava.
Feliz aniversário.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Outros carnavais, quase os mesmos, sempre novos
E amo toda e qualquer cidade ao entardecer. Todas elas ficam mais lindas nesse período que não é nem dia, nem noite, muito pelo contrário. Campinas não é exceção.
O carnaval começou em SJC. Era ainda quinta feira. Os primeiros sinais? Crianças fantasiadas de princesinha, pirata e havaiana caminhando com seus pais, irmãos, tios, em direção à praça Melvin Jones.
- É mesmo, tinham falado no jornal que as ruas próximas estariam impedidas.
Na praça, baianas, bonecões, trio elétrico com banda de metais, marchinhas, mulher com perna de pau, bastante gente olhando, fantasias, mais crianças.
Foi bonito, começou cedo e terminou à noite. Mas só olhei.
Em Ponta Grossa, uma novidade. Carnaval sem a melhor amiga. Isso significa: nada de baile de carnaval no clube, nada de cordões de marchinhas, nada de coreografias de axé aprendidas no susto. Senti falta. Então fiz diferente. Assisti ao desfile das escolas de samba.
E foi lindo! Vicente Machado lotando aos poucos, umas 30 mil pessoas assistiam o pobre desfile. Mais pobre que o de Guaratinguetá, que vi no jornal. Isso foi na segunda feira de carnaval.
Não sei como são os desfiles no Rio de Janeiro, pra dizer a verdade nem pela televisão eu já assisti. Mas em PG parecia mais desfile de 15 de setembro: quando a escola passa na frente do palanque, o locutor diz o significado das fantasias, quem foi o idealizador, qual o tema do carro alegórico... Mal se ouvia a bateria, ninguém cantava o samba-enredo. Mesmo assim emocionou. Curiosa a falta de safadeza das rainhas de bateria. Uma ou outra ensaiva um tímido rebolado. Mas a maioria, mal sambava. Uma vez PG, sempre PG...
Quinta-feira cinzenta, manhã. O restante do sambódromo de Campinas era desmontado. No chão, de grama (campo?), milhões de pedacinhos de papel laminado, confete e serpentina. Como será que foi?
A foto eu tirei em 2007, na linda, charmosa e pitoresca São Francisco Xavier, pertinho de SJC. Foi um dos carnavais mais lindos da minha vida.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Como viajar ao Peru
Como viajar ao Peru - Expedição Giro pela América - Família Goldschmidt
Já estamos de volta a Terra Brasilis e em ritmo normal (ou anormal). Já sinto saudades do Peru e do ritmo da viagem, cada dia conhecendo um lugar diferente, pessoas, pratos típicos etc. Mas, fazer o que? Temos que trabalhar. Trabalhar muito. Temos muito que fazer na Gold Trip, nossa agência de viagens. Também muito trabalho nos espera na Família Goldschmidt, com fotos para selecionar , artigos para escrever e vídeos para editar. Por falar em vídeos em breve teremos alguns no site, como aperitivo antes de sair do DVD. A previsão para a edição completa é de 3 meses. Até lá, vou divulgando alguns trechos. Aguardem!
Durante esta semana temos recebido muitos e-mail perguntando sobre maneiras e rotas para se chegar o Peru. Resolvi responder aqui para que todos tenham acesso a esta informação. Para isto vou basear-me somente nos destino que visitei nesta expedição.
AÉREO
Certamente esta é a maneira mais cômoda e indicada para quem tem pouco tempo. A TACA AIRLINES oferece vôos diários para Lima, o ponto de partida para qualquer viagem a este país. Como vocês puderam ver em nosso diário é uma cidade que vale a pena ser visitada. Depois, para seguir viagem há várias opções:
1- Fazer o roteiro terrestre por Ica, Nasca, Arequipa, Puno e Cusco. Os dois últimos trechos podem ser feitos via aérea, mas recomendo por terra, é mais bonito. Este roteiro é melhor para aclimatação a altitude porque vai subindo os Andes pouco a pouco e dá tempo para o corpo se acostumar.
2- Outra opção é voar de Lima a Cusco (1 hrs pela TACA) e depois fazer o roteiro inverso. Este roteiro é ideal para quem vai visitar somente Cusco (Machu Picchu) e ao lago Titicaca, em Puno. Há vôos diários entre Puno e Lima, o que facilita o retorno a capital. Caso queira sugestões de roteiros, visite o site www.goldtrip.com.br
TERRESTRE
É possível chegar ao Peru via terrestre de várias formas. Todos precisam de muito tempo, pois há trechos longos de viajar:
1 – De carro via Argentina e Chile. Desde Foz do Iguaçu no Brasil, atravesse o norte da Argentina até Salta e Jujuy. Depois cruze a Cordilheira dos Andes até San Pedro do Atacama, outro lugar lindo de ser visitado. Em seguida suba pela Rodovia Panamericana até a Arica, cruzando a fronteira para a cidade de Tacna. Depois é só escolher subir por Arequipa até Cusco. Se quiser conhecer Nasca há uma estrada de Cusco a esta cidade (aprox. 17 hrs). Todo trecho mencionado está asfaltado.
2- Outro caminho que será habilitado em breve é uma nova estrada entre Rio Branco no Acre e Cusco no Peru. Esta estrada, chamada de transoceânica está em fase de construção e deve estar completamente asfaltada em 2 anos. Hoje, só com veículos tracionado e muita paciência. Não conheço este caminho, mas quem já foi disse que é linda.
3- A outra opção é o famoso MOCHILÃO, meio de viagem usado por muitos brasileiros que visitam o Peru. Não fiz este percurso completo, mas posso descrevê-lo aqui com segurança. O ideal é procurar informações mais detalhadas com quem já foi o na internet. O roteiro começa em Corumbá embarcando no famoso Trem da Morte em direção a Bolívia. Dizem que o trem já não é tão mortífero como antigamente. Desembarque em Santa Cruz de La Sierra e tome um ônibus para La Paz. Depois de conhecer a capital boliviana, siga de ônibus para Puno (5 hrs) margeando o lago Titicaca. Visite as ilhas Uros e Taquile e siga novamente de ônibus até Cusco (8 hrs). Pode voltar pelo mesmo caminho ou de avião via Lima ou ainda de ônibus através do sul da Bolívia e norte da Argentina (percurso mais longo).
É evidente que existe vários outros caminhos para se chegar o Peru, mas estes são os mais comuns. O que vale lembrar é: Seja qual for a maneira que escolher para visitar este fantástico país, todas elas valem a pena. Não pense somente no destino, pense na viagem em si e em tudo o que verá pelo caminho. Viajar é bom. Viajar é uma escola, portanto, não falte a esta aula.
Peter Goldschmidt - www.familiagold.com.br
A reportagem completa e mais fotos do Peru estão aqui.Back to PGLAND in two days...
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Outros interiores
- Ei, por favor, você sabe se a padaria mais próxima é no fim ou no começo desta rua?
Do ponto de vista dele, era no fim. O cigarro queimava os dedos do homem, uniformizado.
- Puxa, longe.
Ele não foi pra padaria.
- Sabe, a vida não tá fácil, minha mulher se separou de mim faz trinta dias, tá barra, meus filhos, ainda dão esses turnos pra gente...
o cigarro salvava, o homem tremia
- ... nem dá tempo de ver meus filhos, como a vida é difícil...
Apertaram minha mão com um pouco mais de força.
- olha, não tá fácil, minha mulher saiu de casa, meus filhos... mas eu vou nessa...
- Boa sorte pro senhor.
E ele continuou fumando e andou mais rápido. Não queria nos deixar constrangidos. Só queria desabafar.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Estação Saudade
Lembrei de quantos e tantos momentos em que caminhei por ali. Na primeira feira do livro. Vendo exposições de carros antigos. Evitando o shopping do outro lado da rua.
Então tocou no rádio a música "Amanhã é 23". Eu sei que amanhã não é 23. Mas eu lembrei de uma certa pessoa. E do quanto ela se identificava com essa música. Acho que sei por que.
A culpa vem e vai como as nuvens sobre a Lua, na noite de ontem. Mas preferi lembrar os momentos bonitos, quando andamos juntas ao lado da Estação. E felizes.
Tirei a foto daqui.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Eu tenho um unicórnio azul
Queria escrever, mas não estou muito inspirada. Estou em PG, brigando tanto com a Brasil Telecom que já nem sei mais... Mas algumas coisas consegui resolver. Enquanto isso, ouço a voz de Mercedes Sosa procurando seu unicórnio azul. Eu tenho um, mas acho que ele se escondeu embaixo da cama agora. Mais tarde quero ver se conversamos um pouco e se o convenço a "pescar una canción" comigo.
Bom dia pra todo mundo...Mi Unicornio Azul
Mi unicornio azul ayer se me perdió
pastando lo dejé y desapareció
cualquier información bien la voy a pagar
las flores que dejó, no me han querido hablar.
Mi unicornio azul ayer se me perdió
no sé si se me fue, no sé si se extravió
y yo no tengo más que un unicornio azul
si alguien sabe de él, le ruego información
cien mil o un millón yo pagaré
mi unicornio azul, se me ha perdido ayer
se fue...
Mi unicornio y yo hicimos amistad
un poco con amor, un poco con verdad
con su cuerno de añil pescaba una canción
saberla compartir era su vocación.
Mi unicornio azul ayer se me perdió
y puede parecer acaso una obsesión
pero no tengo más que un unicornio azul
y aunque tuviera dos yo solo quiero aquel
cualquier información la pagaré
mi unicornio azul se me ha perdido ayer
se fue...
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Cachoeiras
Cada uma tem sua história, cada uma o seu nome estranho ou engraçado ou santo. Mas o que importa são as nossas histórias em contato com elas.
Água fria que escorre entre pedras e forma arco-íris em contato com o sol. Essa é a minha favorita.
O mesmo sol que é permitido apenas por alguns instantes banhar como um todo o lugar. A água desce estrondosa, forte, vibrante. Mas se espalha pelo solo com tanta calma...
Um refúgio para os finais de semana de calor.
Ainda bem que PG tem muita água. É longe do mar, mas é impossível circular por ela sem conhecer muitos rios, lajeados ou barrentos, todos perenes, cheios de peixes.
Eu poderia falar dos areeiros que destruíram parte do Tibagi. Mas esse post é sobre cachoeiras.
Fiquemos com a beleza e a emoção que elas trazem.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Um pouco de São José dos Campos
Ontem Haroldo e eu saímos para correr no Parque Santos Dumont à tardinha, da mesma forma que fizemos segunda feira. Segunda estava garoando, então corremos só um pouco e na volta passamos na frente de um coqueiro, com muitos coquinhos pelo chão. Comentei com Haroldo que, quando eu era criança, tinha um coqueiro perto da oficina do meu pai. Meu irmão e eu nos esbaldávamos. Nossa, como era bom, deu saudade do gosto, do cheiro, da textura, da sensação nas mãos, das fibras que ficavam nos dentes. Que vontade de comer coquinho... O Haroldo perguntou se a vontade de comer coquinho era igual à vontade de comer jaca. "Não, jaca eu nunca comi, só quero experimentar". Mas a vontade de comer coquinho é quase antropofágica. É como comer a própria saudade.
Bem, ontem então voltamos ao mesmo lugar. Corremos pelo parque que é lindo. Tem um jardim japonês, com ponte, carpas e tudo, além de carcaças de foguetes e aviões em que as crianças tiram fotos. Ao lado fica o SESC, e não tem muros, dá para ver as crianças que estão no parque do SESC brincando. Um garotinho de uns 4 - 5 anos brincava de se equilibrar em uma rede de cordas e pensava. Aí ele falou: "Mãe, mãe. Você já imaginou um livro com três histórias?". Foi automático Haroldo e eu nos olharmos e rir... que raciocínio!! O que será que passava na cabecinha dele ao imaginar... puxa!!!! Um livro com três histórias!!! Se com uma é bom, imagina três... É o tipo de coisa que nos faz amar a vida um pouco mais.
Depois do exercício e do alongamento, voltamos calmamente pela mesma rua. E passamos pelo mesmo coqueiro. Que deixou cair um coquinho exatamente naquele instante, bem na nossa frente! Foi um presente do coqueiro pra mim! Será que ele ouviu o que eu tinha dito?
Claro que foi só uma coincidência... mas que adorável coincidência.
Cheguei em casa, lavei e comi o coquinho. Já estava meio fibroso, mas doce, perfeitamente doce.
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Frase do dia: Nunca acredite quando um fogão lhe diz que é autolimpante.