Não era nem seis da manhã. A estrela d'alva ainda estava, fraquinha, no céu.
Dia lindo, prometendo calor.
O motorista estava animado. Conversava com a cobradora.
"Aquilo não é uma mulher, é uma sereia! Não acha? O que você acha dela?"
A cobradora estava mais perto, mas só ouvia o que o motorista falava.
Lá pelas tantas ele cantava:
"É hoje sexta-feira e eu consigo ser feliiiiiz"
Silêncio
Depois assobiava.
E por fim cantou:
"É hoje o dia
da alegria
é sexta-feira
é dia da loira"
E assobiava.
Então a loira embarcou. Lembrei de um trecho do Bauman, ao falar das pessoas que exaltam tanto a pessoa amada que os que não conhecem pensam que é uma verdadeira Afrodite misturada com Atena. A loira ouvia os galanteios do motorista, olhava de soslaio para a cobradora e ambas riam com o canto da boca.
Infelizmente a parada da rodoviária chegou.
Queria entender por que as pessoas usam fones de ouvido dentro dos ônibus.
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