quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Conversas no ônibus ou de como somos amebas

Então aquele senhor negro entrou no ônibus pela porta da saída. Cansado e sem camisa, com dificuldade subiu as escadas. Carregava uma sacola de plástico, dentro dela uma caixa de sapatos e mais uma pequena mala de viagem.

O rapaz branco, de uniforme, avisou ao cobrador que estava pagando a passagem do Seu Elói. E conversou com ele. Pouco podia ouvir. Até que sentaram perto.
Era o senhor quem falava

- Então em um ano, aquele velho, que nunca tinha aprendido nada, a ler a escrever, nem assinar o nome, nada. Em um ano ele entrou naquilo, chamavam Mobral antigamente, mas nem era supletivo, entrou no primeiro ano mesmo. E ele velho, não sabia nada, nada, em um ano ele aprendeu a ler, a escrever, sabia assinar o nome...

Ruídos.

Olhei pro lado e sorri.

O velho continuou:

- Eu fui até o terceiro ano. E você?
- Eu fiz o terceiro colegial. - Ele disse com orgulho. Foi o terceiro colegial que o propiciou o uniforme?
- Caraca!!! Você é estudado!

Sorri mais amarga. Há quanto tempo passei do "terceiro colegial". O quanto estudei. Mas que distância, que distância da verdadeira sabedoria.

É, às vezes eu acredito que ela existe. E passeia de ônibus.



XXXXXX



Frustração. Definição. Quando você vasculha um arquivo enorme, empoeirado, bagunçado e se depara com um livro, do seu sujeito, escrito na capa DIÁRIO. Que emoção!!! Encontrei! Encontrei! Enfim saberei todos os seus segredos!!! Lentamente, abre-se o diário e........... o miolo do livro sumiu. Só restou a capa dura e alguns recortes de jornal. NSP deve estar rolando de rir de mim a essas horas, esteja onde estiver.

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