domingo, 10 de maio de 2009

Rituais e a morte

Estou cansada da morte. É incrível como nossa sociedade tem tanto fascínio e tanto medo por ela. São os filmes de horror/terror, a arte cemiterial (que, admito, eu adoro), a divulgação pavorosa, nos telejornais, das doenças e tratamentos dos famosos. Ou até a torcida pela morte e/ou recuperação gloriosa de uma tal ministra. Que coisa horrorosa.

Mas não há nada pior do que os rituais católicos nos velórios. A não ser que você goste de ver sua dor e a da sua família exposta para todos os curiosos/solidários que vieram acompanhar o corpo até sua "última morada". Orações, terços, benzimento do corpo, despedidas, tudo bem. Quem quer ou tem necessidade de tocar as mãos do defundo ou beijar sua face fria (credo!!!), paciência. Todos ficam olhando e pensando: "realmente, fulana/o realmente amava o/a falecido".

Cada qual com seu interior. Mas é nessas horas que eu queria me interior e meu exterior bem longe desses rituais.

A morte não é divertida, a morte não devia dar IBOPE, a morte é fria, devia ficar apenas em nossos interiores. Quem anda com vontade de ver o último filme de terror, porque gosta de "passar medo" ou ser chocado, convido a dar um pulinho no pronto socorro de sua cidade. Passe uma noite lá. Principalmente a madrugada. Não haverá monstros, nem anjos da morte. Coisa muito pior.

Ah, e depois, tente ler um artigo sobre políticas públicas e neoliberalismo.

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