Cinza e azul
O sol já se foi
Reflexões e observações das cidades de interior em que vivi. Reflexões e observações sobre Mi Poa Querida. Estamos "perto e longe demais das capitais" e ainda não sei se eu gosto ou não gosto disso. 38 anos experimentando, e quem sabe mais alguns por descobrir. Vale também reflexões sobre meu próprio interior, ou outros interiores que observo por aí. Treinamento de olhares e silêncio.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Fila
É estranho, porque não tem fila. Quando você vai no banco, na secretaria ou qualquer outro lugar onde deveria haver uma fila, todo mundo fica meio solto, assim, um sentado num canto, outros em pé espalhados pelo ambiente.
Aí o último que chega pergunta quem está no final da fila (¿que fila?). O último responde e deixa de ser o último. E o que chegou pega o seu lugar e assim sucessivamente.
Não tem cobrinhas desenhadas no chão.
Na prefeitura não tem fila, mas tem senha. Só que para pegar a senha, você precisa interromper a pessoa que está sendo atendida e pedir ao funcionário para retirar, na máquina que fica dentro dos guichês, uma senha pra você.
Já na Escola de Posgrau é diferente, quer dizer, igual (isso é relativo). Tem cadeiras e a máquina de senhas está bem ao lado da porta. Quando alguém aperta um dos botões, a máquina faz um "quack!". Parece que tira sarro dos que amam escritórios, papéis e carimbos.
Aí o último que chega pergunta quem está no final da fila (¿que fila?). O último responde e deixa de ser o último. E o que chegou pega o seu lugar e assim sucessivamente.
Não tem cobrinhas desenhadas no chão.
Na prefeitura não tem fila, mas tem senha. Só que para pegar a senha, você precisa interromper a pessoa que está sendo atendida e pedir ao funcionário para retirar, na máquina que fica dentro dos guichês, uma senha pra você.
Já na Escola de Posgrau é diferente, quer dizer, igual (isso é relativo). Tem cadeiras e a máquina de senhas está bem ao lado da porta. Quando alguém aperta um dos botões, a máquina faz um "quack!". Parece que tira sarro dos que amam escritórios, papéis e carimbos.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Clichês e estereótipos
Falávamos no almoço ontem sobre os estereótipos a respeito do Brasil e contei das imagens que temos, geralmente, da Espanha. Pareceu-me que a Espanha que conhecemos é basicamente a Andaluzia. Bem, o fato é que eu comia paella como si fuera feijão-com-arroz.
Aí o moço no elevador falou "Hi" ao invés de "Hola".
Descrição: louro, alto, cabelos longos, olhos azuis, magérrimo, roupa TODA preta, mochila nas costas. [tenho certeza que uma certa amiga ia AMAR].
Pensei: parece um daqueles metaleiros nórdicos.
Aí o diálogo:
- Are you student too?
-Yes. Where are you from?
- Norway.
... [cara de ponto de exclamação]
-Hein???
- N O R W A Y.
- Ah!!!!
- And you?
- Brasil
- Quite opposite...
- Yes.
E aqui acabou o diálogo. Acho que ele não gosta de brasileiros... ou achou que eu fosse pagodeira!
Aí o moço no elevador falou "Hi" ao invés de "Hola".
Descrição: louro, alto, cabelos longos, olhos azuis, magérrimo, roupa TODA preta, mochila nas costas. [tenho certeza que uma certa amiga ia AMAR].
Pensei: parece um daqueles metaleiros nórdicos.
Aí o diálogo:
- Are you student too?
-Yes. Where are you from?
- Norway.
... [cara de ponto de exclamação]
-Hein???
- N O R W A Y.
- Ah!!!!
- And you?
- Brasil
- Quite opposite...
- Yes.
E aqui acabou o diálogo. Acho que ele não gosta de brasileiros... ou achou que eu fosse pagodeira!
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Acá
É linda...
Ela partiu e as asas gêmeas ficaram do outro lado, mas ainda se tocam.
Há um reino, árvores e seu castelo.
Ela partiu e as asas gêmeas ficaram do outro lado, mas ainda se tocam.
Há um reino, árvores e seu castelo.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Asas
Ei-las novamente.
Eu sei que deveria escrever meu artigo agora. Mas já rabisquei um pouco no papel, outro dia. E segunda escrevi quatro páginas.
Mas são as asas. Elas querem voar antes da hora. O medo puxa pra baixo, manda os olhos grudarem na tela, nas folhas.
Medo e vontade, medo e vontade. O que Nietzsche diria? Sei lá.
Sou sozinha, apesar de tudo. Então só posso me dizer, mesmo sem muito convencimento: eu não tenho medo de nada!
Eu sei que deveria escrever meu artigo agora. Mas já rabisquei um pouco no papel, outro dia. E segunda escrevi quatro páginas.
Mas são as asas. Elas querem voar antes da hora. O medo puxa pra baixo, manda os olhos grudarem na tela, nas folhas.
Medo e vontade, medo e vontade. O que Nietzsche diria? Sei lá.
Sou sozinha, apesar de tudo. Então só posso me dizer, mesmo sem muito convencimento: eu não tenho medo de nada!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Quando a tese chegar ao fim
Talvez seja só lá no ano 2440 (se alguém tiver em PDF esse livro do Mercier, eu quero). Mas quando a tese terminar, tenho de lembrar de colocar agradecimentos ao Mozart. Talvez ele seja o primeiro da lista. Wolfie, querido, tem me ajudado muito.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Boa
http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=7048
Enquanto leio sobre utopias, rola uma festa junina em alguma escola aqui perto.
E ontem, tentava estudar ao som de vuvuzelas.
Em 1982, enquanto uma garotinha nascia, seu pai assistia aos jogos da Copa do Mundo. Em 2006, o pior dos anos, comemorei aniversário assistindo a desclassificação do Brasil, junto com a amiga da tatuagem parecida.
Ao sair na rua, deserta ainda, fria e triste, um certo rapaz passeava de bicicleta. "Coincidentemente", perto da minha casa. Os corações pularam, nada disseram.
Quatro anos depois, eis que nos revezamos com a cafeteira toda manhã.
Daria para escrever minha autobiografia de quatro em quatro anos, só acompanhando as copas do mundo.
Mas seria um tédio... Uhanhammm [onomatopéia de bocejo].
Enquanto leio sobre utopias, rola uma festa junina em alguma escola aqui perto.
E ontem, tentava estudar ao som de vuvuzelas.
Em 1982, enquanto uma garotinha nascia, seu pai assistia aos jogos da Copa do Mundo. Em 2006, o pior dos anos, comemorei aniversário assistindo a desclassificação do Brasil, junto com a amiga da tatuagem parecida.
Ao sair na rua, deserta ainda, fria e triste, um certo rapaz passeava de bicicleta. "Coincidentemente", perto da minha casa. Os corações pularam, nada disseram.
Quatro anos depois, eis que nos revezamos com a cafeteira toda manhã.
Daria para escrever minha autobiografia de quatro em quatro anos, só acompanhando as copas do mundo.
Mas seria um tédio... Uhanhammm [onomatopéia de bocejo].
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Cantar
Quando dei por mim, cantava espontaneamente no chuveiro.
As asas quiseram tomar um banho, ontem.
As asas quiseram tomar um banho, ontem.
sábado, 5 de junho de 2010
Consulado
Tinha um bar em PG com esse nome e eu fui lá várias vezes, mas não tenho exatamente lindas lembranças, nem românticas, nem nada. Apenas um pouco de tédio, misturado com algo de álcool e porções de batata frita. Amigas, amigos e mais nada.
Ontem foi a primeira vez que pisei em um consulado de verdade. Não sei por que, mas eu estava muito assustada, nervosa, com medo de que algo muito ruim acontecesse. Mas deu tudo certo. Bem, se deu ou não, só saberei daqui vinte dias.
E o consulado não é em nenhum interior. Deve ter sido por isso o medo.
Mas esse post é só para dizer que EU SEMPRE QUIS UM CHAPEU DESSES!!!! Eu quero, eu quero, eu queeeeeeeeero!!!! Esse, pontudo, que está na cabeça da D. Filipa.
Casamento de D. João I com D. Filipa de Lancaster. Iluminura da 'Chronique de France e d'Angleterre', de Jean Wavrin, século 15, Museu Britânico, Londres. A imagem eu achei aqui no Ciência Hoje.
Ontem foi a primeira vez que pisei em um consulado de verdade. Não sei por que, mas eu estava muito assustada, nervosa, com medo de que algo muito ruim acontecesse. Mas deu tudo certo. Bem, se deu ou não, só saberei daqui vinte dias.
E o consulado não é em nenhum interior. Deve ter sido por isso o medo.
Mas esse post é só para dizer que EU SEMPRE QUIS UM CHAPEU DESSES!!!! Eu quero, eu quero, eu queeeeeeeeero!!!! Esse, pontudo, que está na cabeça da D. Filipa.
Casamento de D. João I com D. Filipa de Lancaster. Iluminura da 'Chronique de France e d'Angleterre', de Jean Wavrin, século 15, Museu Britânico, Londres. A imagem eu achei aqui no Ciência Hoje.
domingo, 30 de maio de 2010
Papelada
Campinas só de passagem é mais bonita. Ou melhor, até me engana que parece bonita.
E a papelada que está sobre a escrivaninha aumenta a cada dia. Papelada extremamente desejada há tantos anos, embora sem saber exatamente seu conteúdo e formato. Aliás, eu nem imaginava que tinha tanta papelada assim. Romântica, romântica, romântica. No sentido iluminista do termo.
E as leituras, então! Sem a menor noção. De Arendt a Ansart, de Ansart a Nietzsche, de Nietzsche a Kant, de Kant a De Rossi, depois para Holanda (o Chico, não o Sérgio), mas desejando mesmo era voltar à Heller e ver direito que história é essa de Responsabilidade.
A aula foi boa. A reunião também. E queriam marcar o dia da extração dos meus últimos dois sisos no dia do meu aniversário. Não permiti que tamanha desgraça acontecesse.
E falamos de ressentimentos. Parecia resolução de Ano Novo, depois de ler Ansart todo mundo parece querer ser menos ressentido. Falar que guardou ressentimentos parece ser assinatura de certificado de covarde. Se Nietzsche estava certo... de fato... Quanto a mim, procurei revirar ressentimentos guardados há anos e percebi sua total inutilidade. Se vou me livrar deles? Talvez, nunca se sabe quando será preciso bancar a vítima (CSS, 200-). "Oh dear" (Worms, 1998), Nietzsche realmente tinha razão.
A papelada exige cada vez mais papelada. Mas o que importa mesmo é o calor, os ojos claros "del que estoy amando" (por todos os séculos e séculos amém) e o fato de que sonho com mortos (e não con serpientes) e eles já não me incomodam mais enquanto estou viva e acordada.
Uma escrivaninha lotada de papéis e documentos são sinal de que estou atingindo a maturidade? Ou será o fato de que já me perco na contagem dos anos e décadas (82 - 92 - 02 - 12! 12?! Caramba!!!). Porventura os fios brancos que aparecem nas têmporas (como o Tio Patinhas? Não, tolinha, Asimov!). Gostaria que fosse como nos ppt de auto-ajuda, que dizem que a mulher madura é segura de si, gosta do corpo do jeito que é, não fica tentando modificar-se só para agradar aos outros e possui estabilidade profissional. Espelho, espelho meu (no caso, a tela do note) estou numa fase estável ou não?
Eu não sei rimar. É que poesia precisa de dor. E essa mulher aqui não quer saber de dor no dia de hoje. Segunda feira só daqui a vinte minutos.
E a papelada que está sobre a escrivaninha aumenta a cada dia. Papelada extremamente desejada há tantos anos, embora sem saber exatamente seu conteúdo e formato. Aliás, eu nem imaginava que tinha tanta papelada assim. Romântica, romântica, romântica. No sentido iluminista do termo.
E as leituras, então! Sem a menor noção. De Arendt a Ansart, de Ansart a Nietzsche, de Nietzsche a Kant, de Kant a De Rossi, depois para Holanda (o Chico, não o Sérgio), mas desejando mesmo era voltar à Heller e ver direito que história é essa de Responsabilidade.
A aula foi boa. A reunião também. E queriam marcar o dia da extração dos meus últimos dois sisos no dia do meu aniversário. Não permiti que tamanha desgraça acontecesse.
E falamos de ressentimentos. Parecia resolução de Ano Novo, depois de ler Ansart todo mundo parece querer ser menos ressentido. Falar que guardou ressentimentos parece ser assinatura de certificado de covarde. Se Nietzsche estava certo... de fato... Quanto a mim, procurei revirar ressentimentos guardados há anos e percebi sua total inutilidade. Se vou me livrar deles? Talvez, nunca se sabe quando será preciso bancar a vítima (CSS, 200-). "Oh dear" (Worms, 1998), Nietzsche realmente tinha razão.
A papelada exige cada vez mais papelada. Mas o que importa mesmo é o calor, os ojos claros "del que estoy amando" (por todos os séculos e séculos amém) e o fato de que sonho com mortos (e não con serpientes) e eles já não me incomodam mais enquanto estou viva e acordada.
Uma escrivaninha lotada de papéis e documentos são sinal de que estou atingindo a maturidade? Ou será o fato de que já me perco na contagem dos anos e décadas (82 - 92 - 02 - 12! 12?! Caramba!!!). Porventura os fios brancos que aparecem nas têmporas (como o Tio Patinhas? Não, tolinha, Asimov!). Gostaria que fosse como nos ppt de auto-ajuda, que dizem que a mulher madura é segura de si, gosta do corpo do jeito que é, não fica tentando modificar-se só para agradar aos outros e possui estabilidade profissional. Espelho, espelho meu (no caso, a tela do note) estou numa fase estável ou não?
Eu não sei rimar. É que poesia precisa de dor. E essa mulher aqui não quer saber de dor no dia de hoje. Segunda feira só daqui a vinte minutos.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Mudança - mais interiores
A morte faz coisas estranhas conosco. Algumas até parecem boas, ficamos como que em filme da Sessão da Tarde. Pedimos perdão por tudo de mal que fizemos e depois conseguimos até dizer "Eu te amo" com mais frequência. Estranho que outrora não parecia tão necessário.
Mas o tempo passa. Um ano, dois, três. Três anos e nove meses. Ainda as lágrimas correm, causa enxaqueca o esforço de segurá-las com a necessidade de extravasar. Aquela velha árvore de cinamomo ainda está lá. Tínhamos um urso de pelúcia que se tornava "superurso" quando ingeria bolinha de cinamão. E isso tudo vira e revira em nossos interiores.
O sentimento ainda existe. Olhares nos velhos olhares, cabelos cada vez mais brancos, corpo cada vez mais encurvado. Mente lúcida, ainda com laivos de brilhantismo, filósofo/historiador/humorista/louco mais amado, admirado, assim como temido e incompreendido.
Mas já não existe mais a necessidade extrema de longos abraços e o confessar do "eu te amo", como nos filmes. Ele sabe, eu sei, é o que basta. Ele vai para o interior do interior dos Campos Gerais. Eu, sem raízes na Princesa dos Campos (felizmente, também sem um teto na Princesa d'Oeste).
Nossa despedida foi tão rápida. A situação é estranha. Nunca parece que estamos nos despedindo de verdade, para ficarmos a km e km de distância. É só mais um até logo, entre dois interiores que se amam muito.
Mas o tempo passa. Um ano, dois, três. Três anos e nove meses. Ainda as lágrimas correm, causa enxaqueca o esforço de segurá-las com a necessidade de extravasar. Aquela velha árvore de cinamomo ainda está lá. Tínhamos um urso de pelúcia que se tornava "superurso" quando ingeria bolinha de cinamão. E isso tudo vira e revira em nossos interiores.
O sentimento ainda existe. Olhares nos velhos olhares, cabelos cada vez mais brancos, corpo cada vez mais encurvado. Mente lúcida, ainda com laivos de brilhantismo, filósofo/historiador/humorista/louco mais amado, admirado, assim como temido e incompreendido.
Mas já não existe mais a necessidade extrema de longos abraços e o confessar do "eu te amo", como nos filmes. Ele sabe, eu sei, é o que basta. Ele vai para o interior do interior dos Campos Gerais. Eu, sem raízes na Princesa dos Campos (felizmente, também sem um teto na Princesa d'Oeste).
Nossa despedida foi tão rápida. A situação é estranha. Nunca parece que estamos nos despedindo de verdade, para ficarmos a km e km de distância. É só mais um até logo, entre dois interiores que se amam muito.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Abajour
Não sei se existem explicações para o amor, mas, como historiadora, só posso encontrar evidências.
Essa é do interior da nossa casa, da criatividade dele e das coisas que gostamos. Ler à noite com luz de abajour é uma delas (das evidências e das coisas que gostamos).
Essa é do interior da nossa casa, da criatividade dele e das coisas que gostamos. Ler à noite com luz de abajour é uma delas (das evidências e das coisas que gostamos).
sexta-feira, 7 de maio de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Ansiedad
Por que as agências nunca respeitam seus próprios editais?
(isso começa a parecer mais um twitter do que um blog).
Mas é difícil escrever ansiosa.
(isso começa a parecer mais um twitter do que um blog).
Mas é difícil escrever ansiosa.
terça-feira, 6 de abril de 2010
quinta-feira, 25 de março de 2010
quinta-feira, 18 de março de 2010
Chama-se sorte
Quando você acabou de fazer uma cirurgia nos dentes e viaja do lado de um dentista, por esses interiores da vida.
Obrigada, destino.
Obrigada, destino.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
De pulgas e grilos
O sol faz a planta
e a mácula
crescerem
Parece que estou fazendo o que sempre quis
escola
doutorado
companheiro (eu sempre quis isso?)
Mas e então a saudade?
E então a angústia?
Eles lá
eu aqui
nós???
É mais do mesmo, independente das pulgas e dos grilos
Todos
sempre
sós
e a mácula
crescerem
Parece que estou fazendo o que sempre quis
escola
doutorado
companheiro (eu sempre quis isso?)
Mas e então a saudade?
E então a angústia?
Eles lá
eu aqui
nós???
É mais do mesmo, independente das pulgas e dos grilos
Todos
sempre
sós
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Cores
Tem o vermelho e o amarelo.
Carmen dança e bate castanholas.
E eu a escrever e esperar.
Aqui dentro, de casa, do interior mais interno
aquele azul úmido que eu amo tanto.
Carmen dança e bate castanholas.
E eu a escrever e esperar.
Aqui dentro, de casa, do interior mais interno
aquele azul úmido que eu amo tanto.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Do interior das células nervosas do meu nariz
O coração bateu mais forte.
Primeiro eu as vi, nas prateleiras de material escolar nas lojas americanas.
Lembrei: mesmo estojo, mesmas cores, mesmo sistema de abre-fecha.
Depois dei de presente.
Depois senti o cheiro.
Era minha infância todinha, do interior das células nervosas do nariz.
Que saudade de fazer os trabalhinhos da escola usando aquelas canetinhas...
Primeiro eu as vi, nas prateleiras de material escolar nas lojas americanas.
Lembrei: mesmo estojo, mesmas cores, mesmo sistema de abre-fecha.
Depois dei de presente.
Depois senti o cheiro.
Era minha infância todinha, do interior das células nervosas do nariz.
Que saudade de fazer os trabalhinhos da escola usando aquelas canetinhas...
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Sem título
Quando nada mais resolve, o melhor é escrever.
Parece que tudo passou
Passou?
Já passou, já passou, pronto...
Não era assim que ela nos consolava?
Quem secará suas lágrimas?
Quem ajudará a escolher a roupa para o casamento da sua melhor amiga?
Ontem eu vi como a Hannah Arendt trata da memória e da lembrança
É belo
Colegas, escola, biblioteca, casa nova
Que vida boa a sua
Que belo futuro
Como as cabeças combinam
Mas a memória, o que passou, passado
Nunca vai passar?
Quem vai enxugar as lágrimas?
Quem vai consolar?
Desligar-se dos vestígios é um bom começo
Mas como desligar-se da própria memória?
Como evitar as viagens noturnas?
Bastam algumas palavras
derrete o gelo que plantei na memória e no coração
derrete e escorre
pelos olhos
pelo pescoço
pelos pulsos
a pequena corrente é ainda transparente
ela corre pelo meu pulso
e abaixo dela posso ver
finos caminhos
azulados arroxeados
há vida neles
há vida?
o calor destes campos tudo seca
uma despedida tranquila da cidade mais quente em que já vivi
geladeira desligada
pacotes e embrulhos pelo quarto
o que fica? o que vai?
eu escolho e esqueço
mas não escolho o que esqueço
súbito tudo calmo
olhos quase secos
a vida segue, mudanças suaves, boas
um pedaço ficou naquela casa
Santa Casa
e não encontra a porta de saída
Parece que tudo passou
Passou?
Já passou, já passou, pronto...
Não era assim que ela nos consolava?
Quem secará suas lágrimas?
Quem ajudará a escolher a roupa para o casamento da sua melhor amiga?
Ontem eu vi como a Hannah Arendt trata da memória e da lembrança
É belo
Colegas, escola, biblioteca, casa nova
Que vida boa a sua
Que belo futuro
Como as cabeças combinam
Mas a memória, o que passou, passado
Nunca vai passar?
Quem vai enxugar as lágrimas?
Quem vai consolar?
Desligar-se dos vestígios é um bom começo
Mas como desligar-se da própria memória?
Como evitar as viagens noturnas?
Bastam algumas palavras
derrete o gelo que plantei na memória e no coração
derrete e escorre
pelos olhos
pelo pescoço
pelos pulsos
a pequena corrente é ainda transparente
ela corre pelo meu pulso
e abaixo dela posso ver
finos caminhos
azulados arroxeados
há vida neles
há vida?
o calor destes campos tudo seca
uma despedida tranquila da cidade mais quente em que já vivi
geladeira desligada
pacotes e embrulhos pelo quarto
o que fica? o que vai?
eu escolho e esqueço
mas não escolho o que esqueço
súbito tudo calmo
olhos quase secos
a vida segue, mudanças suaves, boas
um pedaço ficou naquela casa
Santa Casa
e não encontra a porta de saída
Assinar:
Postagens (Atom)