domingo, 30 de maio de 2010

Papelada

Campinas só de passagem é mais bonita. Ou melhor, até me engana que parece bonita.

E a papelada que está sobre a escrivaninha aumenta a cada dia. Papelada extremamente desejada há tantos anos, embora sem saber exatamente seu conteúdo e formato. Aliás, eu nem imaginava que tinha tanta papelada assim. Romântica, romântica, romântica. No sentido iluminista do termo.

E as leituras, então! Sem a menor noção. De Arendt a Ansart, de Ansart a Nietzsche, de Nietzsche a Kant, de Kant a De Rossi, depois para Holanda (o Chico, não o Sérgio), mas desejando mesmo era voltar à Heller e ver direito que história é essa de Responsabilidade.

A aula foi boa. A reunião também. E queriam marcar o dia da extração dos meus últimos dois sisos no dia do meu aniversário. Não permiti que tamanha desgraça acontecesse.

E falamos de ressentimentos. Parecia resolução de Ano Novo, depois de ler Ansart todo mundo parece querer ser menos ressentido. Falar que guardou ressentimentos parece ser assinatura de certificado de covarde. Se Nietzsche estava certo... de fato... Quanto a mim, procurei revirar ressentimentos guardados há anos e percebi sua total inutilidade. Se vou me livrar deles? Talvez, nunca se sabe quando será preciso bancar a vítima (CSS, 200-). "Oh dear" (Worms, 1998), Nietzsche realmente tinha razão.

A papelada exige cada vez mais papelada. Mas o que importa mesmo é o calor, os ojos claros "del que estoy amando" (por todos os séculos e séculos amém) e o fato de que sonho com mortos (e não con serpientes) e eles já não me incomodam mais enquanto estou viva e acordada.

Uma escrivaninha lotada de papéis e documentos são sinal de que estou atingindo a maturidade? Ou será o fato de que já me perco na contagem dos anos e décadas (82 - 92 - 02 - 12! 12?! Caramba!!!). Porventura os fios brancos que aparecem nas têmporas (como o Tio Patinhas? Não, tolinha, Asimov!). Gostaria que fosse como nos ppt de auto-ajuda, que dizem que a mulher madura é segura de si, gosta do corpo do jeito que é, não fica tentando modificar-se só para agradar aos outros e possui estabilidade profissional. Espelho, espelho meu (no caso, a tela do note) estou numa fase estável ou não?

Eu não sei rimar. É que poesia precisa de dor. E essa mulher aqui não quer saber de dor no dia de hoje. Segunda feira só daqui a vinte minutos.

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