A morte faz coisas estranhas conosco. Algumas até parecem boas, ficamos como que em filme da Sessão da Tarde. Pedimos perdão por tudo de mal que fizemos e depois conseguimos até dizer "Eu te amo" com mais frequência. Estranho que outrora não parecia tão necessário.
Mas o tempo passa. Um ano, dois, três. Três anos e nove meses. Ainda as lágrimas correm, causa enxaqueca o esforço de segurá-las com a necessidade de extravasar. Aquela velha árvore de cinamomo ainda está lá. Tínhamos um urso de pelúcia que se tornava "superurso" quando ingeria bolinha de cinamão. E isso tudo vira e revira em nossos interiores.
O sentimento ainda existe. Olhares nos velhos olhares, cabelos cada vez mais brancos, corpo cada vez mais encurvado. Mente lúcida, ainda com laivos de brilhantismo, filósofo/historiador/humorista/louco mais amado, admirado, assim como temido e incompreendido.
Mas já não existe mais a necessidade extrema de longos abraços e o confessar do "eu te amo", como nos filmes. Ele sabe, eu sei, é o que basta. Ele vai para o interior do interior dos Campos Gerais. Eu, sem raízes na Princesa dos Campos (felizmente, também sem um teto na Princesa d'Oeste).
Nossa despedida foi tão rápida. A situação é estranha. Nunca parece que estamos nos despedindo de verdade, para ficarmos a km e km de distância. É só mais um até logo, entre dois interiores que se amam muito.
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