Permita-me assinalar já neste estágio que os ‘grupos’ que os indivíduos destituídos pelas estruturas de referência ortodoxas ‘tentam encontrar ou estabelecer’ hoje em dia tendem a ser eletronicamente mediados, frágeis ‘totalidades virtuais’, em que é fácil entrar e ser abandonados. Dificilmente poderiam ser um substituto válido das formas sólidas – com a pretensão de ser ainda mais sólidas – de convívio que, graças à solidez genuína ou suposta, poderiam prometer aquele reconfortante (ainda que ilusório ou fraudulento) ‘sentimento do nós’ – que não é oferecido quando se está ‘surfando na rede’. Citando Clifford Stoll, viciado confesso em Internet, embora hoje curado e recuperado:absortos em perseguir e capturar as ofertas do tipo ‘entre agora’ que piscam nas telas de computador, estamos perdendo a capacidade de estabelecer interações espontâneas com pessoas reais. Charles Handy, teórico da administração, concorda: ‘engraçadas podem ser, essas comunidades virtuais, mas elas criam apenas uma ilusão de intimidade e um simulacro de comunidade’. Não podem ser um substituto válido de ‘sentar-se a uma mesa, olhar o rosto das pessoas e ter uma conversa real’. tampouco podem essas ‘comunidades virtuais’ dar substância à identidade pessoal – a razão básica para procurá-las. Pelo contrário, elas tornam mais difícil para a pessoa chegar a um acordo com o próprio eu.”
(BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005, p.31).
Por isso que a escola não tem por que ser virtual, se tomamos como premissa que escola é espaço de constituição de identidades.