Uma das coisas que mais gosto, quando viajo, são aqueles primeiros vinte minutos entre conferir compulsoriamente se deixei tudo desligado e fechado em casa, trancar a porta e entrar no táxi. Então, percorrer a cidade até o aeroporto ou a rodoviária.
A cidade passa pela janela do veículo sob um olhar de despedida e de saudade antecipada. Tchau, Porto Alegre. "Não me esqueça, amigo. Eu volto".
Os olhos passam pelos cartazes de festas e shows que já foram há semanas, pelos motoristas irritados nos veículos ao lado, troco frases soltas com o motorista:
- Não te preocupa com o trânsito, eu estou adiantada.
- Pela Castelo ou pela Farrapos?
- Pela Legalidade, por favor.
- Grunf. E a Avenida Getúlio Vargas, essa eles não mudam!
- Grunf.
Horas de sono entrecortado e são as paisagens dos meus Campos Gerais que se estendem logo após a escarpa devoniana.
- Motorista, posso descer no trecho? Logo ali depois do portal, da subida, da curva.
- Se não tiver bagagem...
- Não, só o peso da consciência e dois pés cansados descalzos sueños blancos.
Ponta Grossa, meu interior, dessa vez só de passagem porque o destino final é Campinas. Da Mui leal e valerosa à Princesa dos Campos e desta à Princesa do Oeste.
Não imaginava voltar tão cedo a Campinas. Esqueci de trazer uma bolsa pequena, como vou fazer? Leva tudo na mão e pega um Uber?
- Driver, follow that car... I mean, motorista, me deixa no Centro de Convenções que eu vou lá rever umas pessoas que marcaram meu interior.
Fechando ciclos, a comemorar com os rituais, do jeito que tem de ser.
Será que é mesmo fato que a cada sete anos a gente muda de casca, feito serpentes?
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