sexta-feira, 27 de novembro de 2020

velhos hábitos

Lá em 2002, assistir aula ruim lendo um livro bom escondido embaixo da carteira


eventualmente erguer os olhos: perdi algo importante? 


nah


reuniões online são mais ou menos isso


e o desejo de escrever que retorna com força, não sei bem

não vou matar minhas plantas

talvez elas morram mas não vou matá-las

assim como talvez eu morra [not today, satan]

mas eu não vou me matar [not today, satan]


e já tem muito "eu" aqui, então chega.


interessante o processo de escrita

uma conversa que incomodou, algo que aconteceu, um sonho que sobrou, mas que também não importa tanto


então o primeiro que vai pra tela é o relato. no final das contas, não há nada fora da narrativa?

mas é claro que há

de-hors

forças selvagens cataclismas tempestades caos

a mão habilidosa da costureira constrói a prega e a costura

a costura sempre se desmancha e é sempre costura fio passagem

não é cola cimento parede muralha

então o incômodo sobre a vida a morte o universo e o nada vira isso aqui

esse texto sem maiúsculas e sem pontuação

um olho na reunião

(o mundo que impõe seus estratos)

o nó na garganta


"tu ainda escreve?"

uma abstração que mistura conversas, conselhos, o livro a reler e a reunião que ouço - daqui a alguns anos não fará nenhuma diferença. o intenso sim, o extenso, não.


a folha brota por pura teimosia

seca e morre, outra brota

por pura teimosia

até quando?

não é o tipo de pergunta que se faça.


amar e mudar as coisas

(com os afetos alegres)

não é uma questão de interesse, escolha, lo que sea

quiçá desejo querer potência

vida

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