Sim, muita coisa atrasada para contar. Percebi que, ao comentar os blogs (ou globs, como eu insisto em escrever), eu estava sendo tão, tão egocêntrica (mais do que o normal, já sou por natureza) e argghhhhh esses parênteses que não me deixam em paz.
Então vamos lá.
Domingo de Ramos passou faz tempo. Páscoa também. Mas a procissão, seja em Campinas, seja em PG, é, foi e será eternamente a mesma. Eita coisa que nunca muda. Ela saiu bem de frente ao meu prédio, não tinha desculpa para não ir. Estavam distribuindo ramos de palmeira. Ah, o Greenpeace por lá. Então eu tinha a hora, o lugar e o ramo. E queria rezar. A procissão começou. Lá na frente, os beatos, os líderes (só homens, estranho) carregando as cruzes com faixas vermelhas e (mais) ramos enfeitando.Um pouco atrás, uma mulher jovem puxava os cantos. E logo começaram os pai-nossos e ave-marias. Eu gosto disso. A reza monótona e o som dos passos no asfalto molhado da chuva que caiu na madrugada. E os inevitáveis cochichos: "você viu se ela veio?". "Vi, ela tá aqui, acabou de passar por nós, você não viu?". "Será que o padre vai bzzbzzbzz". A puxadora, irritada, joga com voz esganiçada uma Ave-Maria para o fundo da procissão. "Ooooooooooi!, tudo bom??". "Acordou cedo hoje, hein?". Aí já não deu mais pra rezar. Só pedir pra essa insônia passar, senão vou ter de sair da comunidade "Eu odeio acordar cedo".
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Era uma vez um jovem aprendiz. Ele foi até a base da montanha ouvir os sábios. Ouviu, ouviu, ouviu. Leu tudo o que mandaram que lesse e tentou aprender. Depois o enviaram para o vale, onde ele deveria acender uma fogueira e juntar as crianças da aldeia, em nome dos sábios da base da montanha. Havia um dos sábios que ele admirou mais que os outros. Era o mais fascinante, o mais desafiador.
Ele ficou feliz e foi. Mas cada olhar dos seus pequenos aprendizes lhe dizia que ele sabia pouco. Então voltou e procurou o sábio mais sábio de todos, o que ele mais admirava. E juntos eles subiram a montanha. O aprendiz ouviu, ouviu, ouviu. Leu, leu, leu e escreveu também suas próprias marcas e foi enviado para a base da montanha. Lá ele deveria acender uma fogueira e ensinar outros.
Mas ele continuava insatisfeito. Voltou para o sábio mais sábio, que disse: não procure mais. Apenas caminhe.
E ele caminhou. Atravessou vales, florestas e pântanos. Chorou. Em cada aldeia, acendia uma fogueira e ensinava o pouco que sabia. Aprendia com as perguntas dos jovens e sua inquietação aumentava.
Um dia, ao escalar uma montanha, encontrou um grande acampamento. Lá, num canto, uma senhora ensinava, exatamente do jeito que ele sempre sonhou (e tentou!) ensinar. Ele pediu licença e permitiram que sentasse com os demais, alguns, bem mais velhos que ele. Ouviu, ouviu, ouviu e inebriou-se. A senhora ofereceu uma poesia e todos em troca ofereceram seus pensamentos. Ela sorriu e valorizou as expressões, sem deixar de fornecer a sua própria e as de outros sábios que ela conhecia.
E ele resolveu ficar por ali um pouco, para aprender com ela.
O caminho não tem fim.
2 comentários:
Olá Caroline, parabéns pelo blog, voltarei
aqui com mais calma para revê-lo.
abraços literários
Marco Sistinne
Bula LiteralEm tempo: gostei do Henfil.
ah, eu queria achar essa senhora.
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