sábado, 1 de agosto de 2020

saudades

então hoje quis escrever sobre saudade.

carreguei toneladas toneladas toneladas de saudades de todos os tipos, por muitos anos

hoje são lembranças

doces, neutras, que antes me faziam chorar, agora olho e penso: fui feliz naquele tempo, boa parte do tempo e só

essa leveza de não sentir essas toneladas toneladas toneladas de saudades que doem doem doem é tão bommmmmmmmmmmmmm

que até desconfio, desconfio que não mereço, mas persisto nessa trilha leve por pura teimosia

not today, satan

e do que é que sinto saudade hoje?

de entrar numa sala de aula cheia de aluno (bem, alguns vão chegar ainda), meio atrasadinha, tomando um café meio ruim, o copo pela metade, a outra metade derramei na escada porque sem paciência para o elevador

iniciar a aula com dor de cabeça desejando nunca mais pegar aula de noite, não sou uma pessoa noturna, minhas aulas de manhã são tão melhores

sair da sala com a sensação de ter feito algo bom, dor de cabeça sumiu, um ou dois alunos ficam depois do horário para tirar uma dúvida, despejar uma angústia, contar de um livro que leram

carro e som alto, passar no Zaffari e pegar um espumante e um pão que vou comer com muita manteiga e um ovo frito, zapear o instagram, rir um pouco, ler romance, sentir insônia e amanhã começa tudo de novo, o sol de verão, cinco da manhã, me acorda e eu penso que não podia ser mais feliz


a obsessão pelas asas não foi embora

antes eram asas pesadas, penas de anjo de ganso de gaivota de galinha

asa penada

hoje asa de borboleta, levinha, colorida, frááááágillll mas eu cuido, juro que cuido, não vou rasgar, nem é porque mereço, é porque não tenho coragem